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3 de maio de 2024

A campanha de 2022

Cuidados com o respeito ao outro se foram. Não há respeito, o que dirá de suas opiniões
29 08 2017 Brasilia DF Brasil-Congresso tem bate-boca e confusão entre base e oposição Presidente do Senado, Eunício Oliveira, que comanda a sessão, baixou o nível e pediu aos senadores que protestavam para que baixassem o dedo porque não era “nega” deles. Houve bate-boca generalizado e sessão chegou a ficar suspensa. Aliados de Temer tentam limpar a pauta para votar mudança da meta de déficit fiscal até quinta-feira, dia 31, para evitar crime de responsabilidade fiscal.foto ANA LUIZA SOUSA

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Quem acompanha as redes sociais, anda com o susto na goela a cada clique que vê. Leu, não leu, o pau comeu. Corno, pederasta, féla…, safado, ladrão, vagabundo, são adjetivos menores dos que estão se tratando astronautas, quer dizer, internautas quando falam em política e estão em lados diferentes.

Os cuidados com o respeito ao outro se foram. Não há respeito, o que dirá de suas opiniões. Juro de pés juntos, beijando os dedos em cruz, com um valha-me Deus a cada instante, que fico assustado e imaginando quando a campanha política disparar para outubro de 2022. Deputados, senadores, governadores, vices, todos perderão a compostura como fazem hoje os aliados e até os próprios candidatos?

Falar do seguidores do senhor Jair, nem pensar. Dizer das fakes news que hoje se publicam e caem nos colos dos incautos, é o menor dos males. Ruim mesmo é a agressividade com que a coisa está sendo tratada. Se você é udenista, é um féla da mãe. Se você é pessedista, é pior.

Agridem-se mutuamente, como se o mundo fosse mudar por causa de suas opiniões e pelo tom que dão no desatino de sua veemência.

Como disse, assusta. É que se observa das redes sociais; na campanha isso vai pras ruas. Passeatas, carreatas, comícios, pronunciamentos públicos serão áreas de alto risco. Nitroglicerina pura, prestes a explodir, incendiar, machucar, matar e macular um período onde se deveriam colocar projetos, discutir ideias e jamais cultuar ideologias espúrias, animosidades graciosas, porque invariavelmente não levarão a nada.

Outro dia mesmo ouvi de um amigo, o temor pela própria vida que, sem dizer uma palavra, foi ofendido e por pouco não foi agredido fisicamente por uma pessoa de quem se afastou para manter a distância a que nos ensina a ciência. Se afastar das pessoas, com receio da doença, agora é motivo de agressão.

Se você usa a terceira lei de Newton, morre ou mata. São tempos onde acabou a decência da civilidade e deu lugar à indecência da intolerância. O mote cheio de novidade é ser intolerante, como se o pai tivesse ensinado em casa: se apanhar na rua vai apanhar em casa também.

Entendeu? O critério é se preparar pra apanhar na rua e se não tomar muito cuidado com o bom dia, boa tarde, boa noite. Pode esperar que vai ter gente vomitando de volta; bom dia por quê?

Eu te conheço pra você me dizer bom dia? O que lhe interessa se vou ter um bom dia ou um mau dia. A campanha política de 2022 será, sem a menor dúvida, um momento sem escrúpulo, sem dignidade, sem vergonha de ser sem-vergonha.

Livre-nos Deus da praga do mau vizinho. Salva-nos Deus do olhar vesgo e do laço do passarinheiro.

Rodrigo Rodrigues

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