O secretário especial da saúde indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba (PT), afirmou nesta terça-feira, 7, que houve aparelhamento político no serviço público de assistência à saúde do povo Yanomami, em Roraima, que passa uma crise humanitária. Os indígenas são afetados principalmente pelo garimpo ilegal que domina o território, gerando destruição ambiental, contaminação da água, propagação de doenças e violência. O quadro é histórico, mas foi agravado nos últimos quatro anos, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), segundo Weibe.
“O que a gente experimentou no Dsei [Distrito Especial de Saúde Indígena] Yanomami, nos últimos anos, foi um verdadeiro aparelhamento político, verdadeiras oligarquias políticas que detêm o poder aqui em Roraima“, denunciou Tapeba em entrevista coletiva concedida em Boa Vista, onde participa de ações para lidar com a crise.
Em todo o País, há 34 distritos de saúde indígenas, que são vinculados à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Segundo o secretário, uma auditoria realizada pelo próprio Ministério da Saúde no DSEI Yanomami identificou irregularidades em contratos da unidade. “Já foi feita uma auditoria aqui no Dsei Yanomami. A AudiSUS, que é um departamento dentro do Ministério da Saúde, realizou uma auditoria. Essa auditoria apresentou um índice de irregularidades em uma série de contratos. Tivemos uma reunião ontem [6] com o Tribunal de Contas da União e o TCU também planeja uma auditoria aqui no Dsei Yanomami”.
Ligação com garimpo ilegal
Tapeba ainda citou investigações da Polícia Federal sobre o envolvimento de agentes políticos do Estado ligados ao garimpo ilegal. Ele não quis revelar o nome dessas pessoas. “Muitos desses políticos que estão envolvidos no aparelhamento do DSEI têm relação direta com o garimpo também. Têm investigações em curso pela Polícia Federal, inclusive, que, no final, vamos ter um desfecho muito grande e tenho certeza que muita gente vai estar sendo, inclusive, presa“, disse.
No momento, o cargo de coordenação geral do Dsei Yanomami está vago. A promessa do secretário especial de saúde indígena é recompor a equipe de todos 34 distritos do país, incluindo o Yanomami. A ideia, nessa primeira fase, é que a própria Sesai faça o acompanhamento e monitoramento no distrito até que os atendimentos estejam normalizados. As informações são da Agência Brasil.