O município de Crato, na região do Cariri, soma três notificações para a varíola do macaco (monkeypox) até a última segunda-feira, 25. Do total, um foi descartado após exames laboratoriais e dois (mulheres de 25 e 51 anos) estão sendo investigados. Em nota divulgada pela Prefeitura de Crato nesta quarta-feira, 27, pelas redes sociais, a gestão municipal detalha que ambas as pacientes não saíram do Ceará recentemente, nem para o Brasil ou outro país, assim como também não tiveram contato com viajantes.
“Os dois casos suspeitos são residentes nos bairros Seminário e São Miguel, ambos do sexo feminino, de 25 anos e 51 anos. Não tiveram histórico de viagens pelo Estado, pelo Brasil ou pelo exterior, e nem contato com viajantes. As pacientes evoluem com estado bom e tratando a sintomatologia da doença”, diz a nota divulgada pela Prefeitura.
Nesta terça-feira, 26, a secretária executiva de vigilância em saúde do Ceará, Sarah Mendes, informou que o Estado ainda não registra transmissão classificada como comunitária da doença. Isso significa que não há, até o momento, registro que um morador do Ceará passou o vírus para outro residente. Os primeitos casos de transmissão comunitária no Brasil foram registrados no fim de junho nos estados de São Paulo (3) e Rio de Janeiro (2), segundo o Ministério da Saúde.
A Prefeitura também ressalta que em todos os casos foram aplicadas as medidas sanitárias recomendadas pelas autoridades de saúde, como “isolamento, busca ativa de contatos e coleta de material para exames laboratoriais para elucidação do caso e para diagnóstico diferencial para outras doenças, que estão em processamento”. Ainda conforme a nota, o monitamento está sendo realizado pelos profissionais das Unidades Básicas de Saúde dos territórios, juntamente com a equipe de Vigilância da cidade.
Ceará
Segundo boletim divulgado pela Secretaria da Saúde (Sesa) do Estado na segunda-feira, o Ceará apresenta 61 casos notificados da varíola dos macacos, sendo 31 descartados laboratorialmente e quatro confirmados. Segundo a Sesa, houve um aumento de 79,4% no número de casos notificados da doença em relação ao último boletim divulgado, em 15 de julho (saindo de 34 para 61). Na ocasião, 19 casos haviam sido descartados laboratorialmente pelas autoridades sanitárias.
Dos quatro pacientes que tiveram confirmação para a doença, três são residentes de Fortaleza (sexo masculino, 35, 26 e 30 anos) e um no município de Russas (sexo masculino, 43 anos).
Entre os 26 casos em investigação, 23 são residentes do Ceará, dos municípios de Aracoiaba (1), Barbalha (2), Caucaia (2), Crato (2), Fortaleza (5), Fortim (1), Jaguaruana (1), Juazeiro do Norte (3), Quixadá (1), Quixeré (1), Russas (3) e Sobral (1). Segundo a Sesa, os outros três suspeitos são viajantes do Rio Grande do Norte (1) e São Paulo (2). O perfil dos pacientes em investigação tem faixas etárias entre 13 e 70 anos, sendo 14 homens e 12 mulheres.
“Em todas as notificações foram aplicadas as medidas recomendadas, como isolamento, busca ativa de contatos e coleta de material para exames laboratoriais para elucidação do caso e para diagnóstico diferencial para outras doenças, que estão em processamento. A Sesa tem monitorado o cenário junto às Vigilâncias em Saúde dos Municípios, realizando publicação periódica de notas técnicas atualizadas sobre a monkeypox”, destacou a Sesa.
O último caso confirmado no Ceará se deu no último dia 15. O paciente, do sexo masculino, de 30 anos, mora em Fortaleza e tem histórico de viagem recente a Salvador.
Emergência global
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu, no sábado, 23, o avanço da varíola dos macacos como uma emergência global de saúde. A entidade levou em consideração o cenário “extraordinário” da doença, que já chegou a 70 países. A emergência pode desencadear alertas contra a propagação do vírus e propiciar investimentos em pesquisas que investiguem as causas da doença e tratamentos eficazes. Apesar da falta de consenso, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, decidiu emitir a declaração.
Esta foi a primeira vez que o chefe da agência de saúde da ONU tomou tal ação.
“Em suma, temos um surto que se espalhou rapidamente pelo mundo por meio de novos modos de transmissão sobre os quais entendemos muito pouco e que atendem aos critérios das regulamentações internacionais de saúde. Sei que este não foi um processo fácil ou direto, e que há opiniões divergentes entre os membros do comitê”, acrescentou o diretor-geral.