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7 de fevereiro de 2025

Uso de ‘cobogós’ e abertura de janelas e lajes podem evitar doenças em comunidades carentes

Faltas de ventilação, de luz natural e muitas pessoas em ambientes desse tipo propiciam disseminação de doenças como tuberculose, viroses, covid, entre outras
Moradias precárias resultam na propagação de enfermidades nas comunidades brasileiras Foto: Arquivo Agência Brasil

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Soluções simples e acessíveis, como o uso de cobogós (tijolos vazados. Dependendo da região, também são chamados de combogós ou combongós), abertura de janelas e lajes com caimentos corretos, podem deixar as casas nas comunidades mais agradáveis e evitar doenças. Para evitar a disseminação da tuberculose, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) desenvolve, há quatro anos, o projeto Habitação Saudável.

O projeto-piloto foi desenvolvido no Complexo de Manguinhos, que abrange comunidades vizinhas à sede da Fiocruz, na Zona Norte do Rio de Janeiro, a partir da análise dos dados sobre a incidência de tuberculose na região, ainda em 2019.

“Um grande número de casos de tuberculose na comunidade de Manguinhos ocorria em determinada região, que era a área com maior dificuldade socioeconômica. Eram locais onde havia transmissão da tuberculose dentro das casas. Aquelas casas que tinham maior número de pessoas, com problemas de ventilação, de iluminação direta da luz solar eram locais propícios para a contaminação”, explica a pneumologista Patrícia Canto Ribeiro, coordenadora de Atenção à Saúde da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz.

A ideia inicial era escolher 40 casas da comunidade e produzir plantas arquitetônicas modelos, com melhorias de baixo custo, para serem aplicadas em outros imóveis da comunidade. No entanto, a pandemia de covid-19, que levou à adoção de medidas de isolamento social a partir de março de 2020, impediu que a proposta inicial fosse levada à frente. O projeto teve de ser adaptado.

O foco da Fiocruz passou a ser na capacitação de 130 agentes comunitários, que receberam instruções sobre a metodologia das habitações saudáveis e na produção de material educativo, como vídeos e uma cartilha. Tanto os agentes comunitários quanto o material educativo mostram aos moradores da favela como fazer reformas ou melhorias de baixo custo em suas casas, de forma a melhorar a circulação de ar, aumentar a iluminação e controlar infiltrações e mofo.

Casas com grande número de pessoas, mal ventiladas, são locais que propiciam a transmissão de doenças, como a tuberculose, viroses respiratórias, covid-19, influenza”, afirma Patrícia Canto Ribeiro, ressaltando que essas “casas doentes” também podem agravar quadros de asma, bronquite e alergias. Passada a pandemia, no entanto, a Fiocruz pretende retomar a proposta original, oferecendo a visita de arquitetos para analisar alternativas que transformem as casas em ambientes mais saudáveis. Para isso, no entanto, a proposta precisa de financiamento.

“A emenda parlamentar (que garantiu o financiamento da primeira parte do projeto) terminou. Então, precisamos agora de nova emenda parlamentar. Estamos tentando contato com parlamentares que abracem essa ideia”, comentou a pneumologista Patrícia Canto Ribeiro.

O financiamento do Habitação Saudável permitirá, também, que ele possa ser levado a outras comunidades do Rio de Janeiro e do restante do País. “A gente entende que casas deveriam ser um direito de todos. Mas as casas têm que ser seguras”, conclui Patrícia Ribeiro. Com informações da Agência Brasil

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