A primeira fase da Copa do Mundo será um bom “estágio” para a Seleção Brasileira. Sérvia, Suíça e Camarões, adversários de início dos comandados de Tite, possuem estilos de jogo bem diferentes e vão demandar uma certa variação tática da equipe canarinho. Lógico que, tecnicamente, os jogadores brasileiros são superiores à grande maioria do plantel desses três adversários, mas no futebol contemporâneo exemplos não faltam de como a organização tática pode vencer o talento que se resume ao individual.
Nosso primeiro adversário, a Sérvia, é descendente da escola iugoslava de futebol, com um jogo de ofensividade e bons atacantes que podem dar trabalho à defesa brasileira. Já a Suíça tem como sua principal característica um jogo defensivo, truncado e reativo. Nos últimos anos, nossa seleção tem encontrado dificuldades quando enfrenta equipes que jogam fechadas, e o “ferrolho suíço” pode trazer complicações. Talvez a equipe mais fraca do grupo seja a de Camarões, que não tem demonstrado lá grandes qualidades, mas sempre se destaca por vigor físico e velocidade de jogo. Caso ocorra o óbvio e o Brasil consiga se classificar para as oitavas de final, os estilos desses adversários podem servir como uma boa preparação para as equipes mais cascudas que o Brasil pode pegar no decorrer da competição.
Acredito que a primeira fase pode fazer surgir um time multifacetado, onde opções de elenco sejam encontradas para eventuais necessidades no decorrer do torneio. Os estilos possíveis durante as fases decisivas são os mais variados. Existe um déficit de experimentação da Seleção Brasileira já que durante este ciclo de Copa do Mundo enfrentamos majoritariamente times da América do Sul e seleções com pouco “poder de fogo”, e essa primeira fase pode ser uma compensação de tudo isso.
Mas para que esse cenário seja de fato efetivo, nosso treinador vai precisar dar muito mais do que deu em 2018, se desprender de certas teimosias e manifestar que se modernizou de lá para cá. “Homens de confiança” e “panelinhas” ficaram para trás num futebol onde a cada jogo se estuda o adversário a fundo e a adequação da equipe ocorre de acordo com o cenário posto.
Temos um elenco de 26 nomes exatamente para isso. De 2006 até o mundial passado, o Brasil sucumbiu muitas vezes na arrogância de seus comandantes técnicos que “morreram abraçados” à própria intransigência. Que no Catar a história seja outra.