O deputado federal cearense José Airton Cirilo (PT), uma das principais lideranças petistas no Ceará, conclamou lideranças políticas, como o ex-governador Camilo Santana, a se reunirem para lançar uma candidatura própria ao Governo do Estado nas eleições de outubro próximo. A declaração, feita pelas redes sociais nesta quinta-feira, 16, acontece um dia após o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, sinalizar uma preferência pelo nome do ex-prefeito Roberto Cláudio na disputa ao Palácio da Abolição.

“Convido o ex-governador Camilo Santana, nosso deputado [José] Guimarães, a nossa deputada Luizianne [Lins], o nosso presidente [estadual do PT no Ceará] Conin; todos os nossos companheiros e companheiras. É chegada a hora de nós ajudarmos o Lula a ganhar as eleições no primeiro turno e o PT precisa ter candidato a governador do Ceará. Precisamos resgatar a esperança do nosso povo sem medo de ser feliz”. 

Nesta quarta-feira, 15, o PDT realizou um Encontro Regional, em Fortaleza, com as presenças dos pré-candidatos ao Governo do Estado pelo partido; o presidenciável Ciro Gomes e o líder nacional da sigla, Carlos Lupi. Na oportunidade, Ciro rebateu falas do deputado federal José Guimarães que colocaram em xeque a continuidade da parceria entre PDT e PT no Ceará caso o nome escolhido para encabeçar a disputa em outubro não seja da então governadora Izolda Cela.

“O PDT, com esse critério, chegou a quatro nomes. A governadora Izolda Cela, que está provando que está pronta para ser a candidata. O ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, que fez a melhor administração da cidade, que tem todo o treinamento para ser um extraordinário governador. Temos o Mauro Benevides Filho, que é mais tímido, mas é a ele a quem devemos a engenharia financeira do Ceará e é o melhor economista em atuação pública no Brasil. E temos o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, que já provou, em situações críticas, que tem os equipamentos para ser governador”, explicou Ciro, em coletiva.

“Na primeira quinzena de julho vamos ver aquele que melhor foi aceito pela população e esse será indicado”.

Decisão

Ao participar do evento do PDT, nesta quarta-feira, o presidente Carlos Lupi fez acenos ao ex-prefeito Roberto Cláudio, a quem se referiu como o maior “baixinho de todo o Ceará” e a quem atribuiu as melhores condições para ser o candidato do partido. “Não depende de mim, depende da vontade dos nossos quatro militantes filiados no Ceará”, disse Carlos Lupi, durante coletiva.

De acordo com o presidente da sigla no Ceará, deputado federal André Figueiredo, a decisão sobre quem deve, de fato, encabeçar a chapa sairá até o fim de junho, cerca de um mês antes das convenções partidárias. Em relação a conversas com aliados para a construção de uma candidatura para as eleições de outubro, Figueiredo limitou-se a dizer que o diálogo “está ótimo”, mas que o partido não aceitará “vetos” e que a decisão sairá de dentro do PDT. Figueiredo também reforçou que os quatro nomes são preparados para a tarefa.

“Todos os quatro nomes são igualmente competentes e preparados, não aceitaremos vetos e, na hora que decidirmos, levaremos [a escolha] aos partidos aliados.”

Camilo Santana

Em uma semana de movimentações intensas, quem tentou acalmar os ânimos e buscar o fortalecimento da parceria de mais de 16 anos entre PT e PDT no Estado foi o ex-governador Camilo Santana, que deixou o posto neste ano, assumido por Izolda Cela, para tentar uma vaga no Senado Federal. “Teremos até o dia 5 de agosto para consolidar isso [o bloco encabeçado pelos dois partidos], com muita maturidade e responsabilidade, sem pensarmos em projetos pessoais”, frisou, em entrevista exclusiva ao colunista do OPINIÃO CE, Roberto Moreira, em Quixeramobim, na última segunda-feira, 13.

Na oportunidade, Camilo também foi questionado sobre até que ponto a disputa entre Ciro Gomes e Lula (PT) à Presidência pode influenciar no andamento dos entendimentos para a formação da chapa majoritária governista no Estado, o petista defendeu que a lógica colocada em 2018 se mantenha em 2022. Além disso, Camilo explicou como se deu o entendimento em relação às eleições deste ano. “Já havíamos definido, para a aliança, que a candidatura para o Governo seria do PDT e ao Senado seria do PT. […] Há um projeto coletivo que precisa ser preservado para o bem do Ceará”.