A Universidade Federal do Ceará (UFC) figura com 78 pesquisadores na lista de projetos aprovados no mais recente Edital Universal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Dentre eles, 32,05% são de projetos encabeçados por mulheres.
O resultado preliminar aponta que, ao todo, mais de R$ 8,24 milhões foram captados pelos pesquisadores, que serão destinados ao desenvolvimento de projetos na UFC. O valor representa 13% do total captado por instituições da Região Nordeste (R$ 60,58 milhões), a segunda a obter mais recursos, ficando atrás apenas da Região Sudeste. Considerando apenas o Ceará, o montante captado pela UFC representa 69,46% do valor total (R$ 11,86 milhões).
Um dos projetos selecionados foi o da professora Nágila Ricardo, do programa de Pós-Graduação em Química, com valor total aprovado de R$ 160 mil. O projeto, que já foi pauta na Agência UFC, utiliza a nanotecnologia química aplicada a fins medicinais, a partir do uso de nanocarreadores com a finalidade de melhorar tratamentos medicamentosos, com uma liberação mais controlada dos fármacos, garantindo resultados mais efetivos e menos efeitos colaterais.
“Essa estratégia vem mostrando excelentes resultados contra muitos tipos de neoplasias [cânceres] que apresentam complexidade no tratamento devido à resistência das linhagens tumorais e à baixa eficiência dos tratamentos convencionais”, detalha a pesquisadora Nágila Ricardo.
Ela acrescenta que, com o novo aporte financeiro, a expectativa é avançar nas pesquisas. “O financiamento deste estudo possibilitará a compra de equipamentos e reagentes para o desenvolvimento de sistemas nanotecnológicos. Será possível, ainda, o fortalecimento de parcerias internacionais com a Universidade de Genebra, na Suíça, e o Instituto Max Planck, na Alemanha”, projeta a professora.
“Nosso principal objetivo é que esses investimentos nos ajudem a fazer com que a Ciência que desenvolvemos nas universidades saia do laboratório e chegue na prateleira das farmácias”, afirma. “Eles permitem avanços significativos da pesquisa científica que desenvolvemos nas universidades públicas, contribuindo para a excelência acadêmica e o progresso social”, completa Nágila Ricardo.
A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UFC, professora Regina Célia Monteiro de Paula, comemorou as aprovações no edital, classificando como um resultado expressivo a UFC ter ficado entre as seis instituições do Brasil com mais recursos destinados a projetos, além de ter sido a segunda considerando o Nordeste.
“Os recursos permitirão a manutenção de diversas pesquisas, contemplando várias áreas, as quais, devido à falta de investimento em pesquisa na gestão anterior do Governo Federal, enfrentaram muitas dificuldades”, pontuou a pró-reitora.
FINEP
Em outra chamada pública, dessa vez promovida pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a UFC teve financiamento aprovado no valor superior a R$ 7,9 milhões. O edital visa ao fortalecimento de centros de Infraestrutura de Pesquisa Científica e Tecnológica de caráter multiusuário.
O projeto selecionado pelo edital é a Plataforma de Modelos Biológicos em Animais (BioModels), do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM). Trata-se de um banco de embriões de camundongos que será instalado no Biotério do NPDM, com o objetivo de gerar animais geneticamente modificados e sistema imunológico humanizado, a partir de biotecnologia.
“Esses modelos animais darão suporte à pesquisa de novos fármacos e biofármacos, suprindo a lacuna no desenvolvimento de novos agentes terapêuticos no Brasil. Por se tratar de modelos miméticos de afecções humanas, proporcionam maior assertividade e confiabilidade na transição entre ensaios pré-clínicos e clínicos, durante o desenvolvimento de fármacos, além de fornecerem meios para estudo da patogênese de doenças humanas em ambiente laboratorial”, detalha a pró-reitora-adjunta de Pesquisa e Pós-Graduação, professora Cláudia do Ó Pessoa.
“A proposta da UFC representa o esforço conjunto de pesquisadores do NPDM, apoiado por diversas instituições do Ceará e do Nordeste, como Uece, Unifor, Unilab, Fiocruz-Ceará, UFPI e Imip-Pernambuco. Destaca-se o apoio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) da Fioruz, que recentemente assinou acordo com a UFC para ensaios de anticorpos monoclonais em modelos humanizados no biotério do NPDM”, ressalta a professora Cláudia do Ó Pessoa.