Em meio ao aumento da procura por tratamentos alternativos, a Universidade Estadual do Ceará (Uece) terá uma pesquisa que busca mapear as evidências existentes na literatura acerca da eficácia, tolerabilidade e efetividade do Canabidiol (CBD) como tratamento para crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O estudo será financiado pelo Ministério da Saúde, através do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Visto o aumento de diagnósticos de TEA no mundo, a pesquisa leva em consideração a urgência de fornecer uma análise abrangente, imparcial e baseada em evidências sobre a segurança, eficácia e efetividade do CBD nesse tratamento. O estudo evidencia o aumento na procura por tratamentos alternativos por parte de pais, cuidadores e profissionais de saúde, bem como das políticas de flexibilização do acesso à substância em muitas jurisdições.
COMO VAI ACONTECER
De acordo com o coordenador da pesquisa, vinculado ao Instituto de Ciências Biomédicas da Uece (ISCB), professor Gislei Frota, o método científico a ser utilizado será uma revisão sistemática com metanálise. Neste caso, será feito uma seleção criteriosa de estudos relevantes já realizados pelo mundo e serão considerados os melhores estudos clínicos, para que seus resultados sejam avaliados. O processo para o desenvolvimento do projeto já foi iniciado, tendo previsão para resultados em dezembro de 2024.
“Fomos selecionados como a terceira proposta mais bem avaliada do Brasil. Somente nós, em todo o País, desenvolveremos a pesquisa. Nosso trabalho é único e de grande relevância para o Ministério da Saúde. Hoje o assunto é polêmico, extrapolou a esfera da ciência e há muita desinformação sobre o assunto. Assim, o MS reconhece a importância da pesquisa porque, através dos resultados, serão geradas evidências se o canabidiol pode ou não ser usado no TEA”, explica o coordenador, Gislei Frota.
O professor revela ainda que, a depender dos resultados da investigação, eles nortearão a geração de políticas públicas para aplicação do canabidiol para o TEA por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). “O objetivo é gerar evidências para a aplicabilidade no SUS, para que a partir dessas informações, o SUS possa tomar decisões acerca desse uso”, ressalta o pesquisador.
Ao todo, os recursos financeiros oriundos do MS serão aplicados em softwares, programas estatísticos, assistência técnica, consultorias etc. A equipe é formada pelos pesquisadores da Uece, Gislei Frota Aragão, Carla Barbosa Brandão, Valter Cordeiro Barbosa Filho, Paulo Sávio Fontenele Magalhães e Cidianna Emanuelly Melo do Nascimento; e pela pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Kelly Rose Tavares Neves.