O Ceará vem liderando, ao longo dos últimos anos, importantes debates sobre a redução dos efeitos danosos ao meio ambiente e redução das emissões globais de CO2. Um dos principais projetos nesse sentido é o No Clima da Caatinga, com atuação na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), que se localiza na divisa entre Crateús, no Ceará, e a cidade piauiense de Buriti dos Montes, bem no coração da Caatinga. A iniciativa tem impacto em ao menos 40 comunidades, beneficiando cerca de 4 mil famílias.
Segundo inventário florestal da instituição divulgado neste mês, cada hectare da unidade de conservação estocou, em 2022, cerca de 266 toneladas de CO2. Já que a Serra das Almas conta com 6,3 mil ha, isso representa mais de 1,6 milhão de toneladas. Para ter ideia, a quantidade equivale ao mesmo total emitido por mais de 5 milhões de habitantes do Ceará durante um ano.
Em 2022, também foram realizadas, entre outras ações, o monitoramento de combate à caça e a construção de um aceiro para a prevenção de incêndios florestais, o que se reflete na manutenção de estoque de carbono. Outra ação desenvolvida foi o monitoramento da fauna, cujas fotografias subsidiam pesquisas sobre quantidade e hábitos de orças, por exemplo. Além disso, o projeto plantou e monitorou 5 mil mudas de espécies nativas na Unidade de Conservação, recuperando uma área de 5 hectares. Outras 100 mudas foram doadas para escolas públicas da região.
TECNOLOGIAS SOCIAIS
No eixo de tecnologias sociais, foram desenvolvidos instrumentos de adaptação de comunidades rurais à semiaridez e às mudanças climáticas que promovem o uso sustentável dos recursos naturais com prioridade para a gestão hídrica (cisterna de placa, canteiro bioséptico e banheiros). Além disso, 10 famílias do Ceará e do Paiuí foram selecionadas para desenvolverem a meliponicultura, que pode contribuir para a geração de renda. O foco do projeto são as famílias lideradas por mulheres.
O projeto No Clima da Caatinga é realizado desde 2011 pela Associação Caatinga. A iniciativa promove a conservação das terras, florestas e águas do bioma nos estados do Ceará e Piauí, com o intuito de contribuir com a mitigação dos efeitos potencializadores do aquecimento global.
CENÁRIO NACIONAL
O Brasil contribuiu, em 2022, com a não emissão de cerca de 147 milhões de toneladas de CO2, o equivalente ao que mais de 1 bilhão de árvores nos seus primeiros 20 anos poderiam sequestrar. Os resultados foram alcançados a partir de cinco projetos patrocinados pelo Programa Petrobras Socioambiental da linha de Florestas. Com atuação em diferentes biomas brasileiros, as iniciativas objetivam a restauração de ecossistemas, regulação do clima e geração de renda de forma sustentável. Além do No Clima da Caatinga, outros projetos beneficiados são: Florestas de Valor, Viveiro Cidadão, Raízes do Purus e Semeando Água.
O Programa Petrobras Socioambiental, que financia os projetos, tem o objetivo de fomentar o desenvolvimento de parcerias, o fortalecimento de vínculos e a geração de benefícios mútuos, favorecendo o respeito aos direitos sociais, ambientais, territoriais e culturais das comunidades e populações locais. Em 2022, a carteira com foco em Florestas contou com 22 projetos em execução, gerando benefícios importantes para mitigação das mudanças do clima. As ações de recuperação vegetal e de reconversão produtiva levam à remoção líquida de carbono da atmosfera, por meio da captação pela vegetação para produção de biomassa.