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13 de maio de 2025

Turismo rural em Crato trabalha para se reerguer após efeitos da pandemia

Apesar da queda ou até mesmo suspensão de visitas, comunidades locais se articulam para retomar a visitação nos próximos meses
Foto: Antonio Rodrigues

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Antonio Rodrigues
CORRESPONDENTE NO INTERIOR
antonio.rodrigues@opiniaoce.com.br

Com trilhas, bicas naturais, quedas d’água e grupos culturais, o turismo rural cresceu na cidade do Crato, na última década. As comunidades de Chico Gomes, Baixio das Palmeiras e Assentamento 10 de abril se acostumaram a receber visitantes — em parte estrangeiros. Contudo a chegada da pandemia impactou na ação que se tornou, além de uma alternativa econômica, um momento de partilha da experiência com seus moradores.

O trabalho teve início a partir de visitas acadêmicas, eventos e aulas de campo que evidenciaram as riquezas ambientais, históricas e culturais de cada lugar, principalmente a partir de 2009. Acolhendo nas suas próprias casas, os moradores tornaram trilhas ociosas em turismo ecológico e de aventura. A comida do dia-a-dia em atrativo culinário.

Antes de perceber os potenciais de cada lugar, já existia nestes locais uma importante organização comunitária. No Chico Gomes, por exemplo, o grupo de jovens se articula desde 2006 em quadrilha junina e no resgate das manifestações culturais tradicionais, como danças e canções de seus antepassados.

Dela, surgiu o grupo Urucongo de Artes, que realiza apresentações de coco e oferece oficinas. “Percebemos que também se trata de preservar o Meio Ambiente, pois, para ter as bicas, é preciso ter água nas nascentes. É geração de renda a partir da organização da própria comunidade”, explica Manoel Leandro, educador popular e poeta.

No distrito Baixio das Palmeiras, a sete quilômetros da sede do município, há trilhas como o Riacho do Pinga, uma casa de taipa Século XIX que pertenceu a dona Quitéria e se tornou espaço cultural e, no sítio vizinho, Baixio do Muquém, uma casa de farinha com mais de 80 anos e mantém a estrutura manual. “Nosso potencial é gigante pela parte cultural também, como o grupo de maneiro-pau, o artesanato”, detalha Assis Nicolau, liderança comunitária.

Antes da pandemia, havia um acolhimento dos visitantes nas casas dos moradores. Um rodízio entre as lideranças dessas comunidades oferecia a oportunidade de cada um complementar sua renda. Em paralelo, produtos locais como sabonetes e ervas medicinais, eram vendidos. O cuidado com os moradores interrompeu o trabalho nos últimos dois anos.

No entanto, a expectativa é de que seja retomado no Chico Gomes nos próximos meses. “Os moradores estão tendo curso de empreendedorismo, capacitação para o extrativismo. Quando voltar, estará muito mais organizado”, projeta Manoel. Outra mudança são as obras de revitalização da estrada que dá acesso à sua comunidade, com previsão de ser concluída em setembro. “O acesso vai melhorar e vamos inaugurar uma feira com produtos produzidos aqui, como óleo de babaçu, macaúba, artesanato”, acrescenta.

Aos poucos, o Baixio do Muquém e o Baixio das Palmeiras retomam a recepção de visitantes. Além de potencializar ações na Casa de Quitéria, como rodas de conversa e apresentações culturais, a Casa de Farinha Mestre José Gomes tem realizado as tradicionais farinhadas. A próxima acontecerá no mês que vem. Este ano, por exemplo, o equipamento recebeu cerca de 200 visitantes. “Nossa articulação foi retomada e estamos felizes em compartilhar nossa vivência”, ressalta Assis Nicolau.

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