O tombamento do Campo de Concentração do Patu, no município de Senador Pompeu, acontecerá na próxima quinta-feira, 21, em reunião virtual, pelo Conselho Estadual de Preservação de Patrimônio Cultural do Ceará (Coepa), da Secretaria da Cultura (Secult). A informação foi confirmada pelo deputado estadual Acrísio Sena (PT), vice-presidente da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Ceará.
O tempo para o processo de tombamento, que é considerado recorde pelo parlamentar, se deveu à parceria entre o titular da Secult, Fabiano Piúba; o reitor do IFCE, Wally Menezes; e o prefeito de Senador Pompeu, Maurício Pinheiro; além da Comissão de Cultura da Casa.
“Além da lei de nossa autoria que transformou a Caminhada da Seca em patrimônio imaterial do Ceará, articulamos o tombamento estadual do Campo de Concentração do Patu, uma conquista histórica do povo de Senador Pompeu e de todo o Ceará”, informa Acrísio.
Ainda em setembro de 2021, a Assembleia Legislativa aprovou e o então governador Camilo Santana (PT) sancionou o projeto de lei 360, de autoria de Acrísio, que incluiu a Caminhada da Seca de Senador Pompeu no roteiro turístico, religioso e cultural do Ceará. O parlamentar, que também é historiador, adianta que agora será a vez do tombamento do Patu, um tesouro histórico, cultural e antropológico cearense.
“Já destinamos inclusive R$ 200 mil, via Emenda Parlamentar, para recuperação do Casarão da Inspetoria, principal prédio do Campo, num trabalho em conjunto com o IFCE”, explicou.
Reconhecimento
Na última semana, os deputados estaduais aprovaram projeto de lei que reconhece a relevância histórica e cultural da Vila dos Ingleses, conhecida como Sítio Histórico do Campo de Concentração do Patu. Em junho do último ano, o sítio arquitetônico já foi considerado patrimônio histórico-cultural em nível municipal. O autor do projeto, deputado Queiroz Filho (PDT), explicou que, dos campos de concentração que foram erguidos no Estado, o de Senador Pompeu é o único que ainda possui edificações.
“Atualmente consiste em um canteiro de obras com 12 casarões, 160 casas de taipa e três casas de pólvora. Calcula-se que morreram cerca de 12 mil pessoas, mais da metade dos concentrados, tanto que foi criada a ‘Caminhada da Seca’, que reúne anualmente, desde 1982, mais de cinco mil pessoas”, frisou.
Segundo Queiroz, o reconhecimento reafirma a existência dos campos de concentração de retirantes no Ceará durante o período da grande seca de 1932. “A ausência de resquício físicos de tais campos em Fortaleza tende a relegar ao esquecimento esse difícil capitulo da nossa história. Temos exemplos que geraram duas comunidades, do Pirambu e do Alagadiço, e a favela dos Trilhos, que se desenvolveram de maneira desigual em relação a outras áreas da capital”, afirma.
Após aprovação na Casa, o projeto segue, agora, para sanção da governadora Izolda Cela (PDT).