Tenho trazido aqui algumas reflexões sobre um Interior que renasce por meio do resgate de costumes antigos. Entendo que a explosão tecnológica, onde tudo se resolve na ponta dos dedos, teclando e se conectando virtualmente, tem feito muita gente refletir sobre conexões reais, sobre ser, sentir e agir. Há alguns dias, descrevi aqui uma ação incrível de moradores de uma rua do Crato, no Cariri cearense, que revitalizaram uma praça e transformaram o lugar num espaço cheio de possibilidades para as crianças exercitarem o brincar livre.

Foi uma ação dos moradores para os moradores, sem envolvimento do poder público. Hoje, trago outro bom exemplo, desta vez uma ação pública que me chamou a atenção em Sobral, no Norte cearense. A prefeitura disponibilizou um formulário para que os moradores solicitem edições do projeto Rua de Brincar em seus bairros. O projeto interdita vias públicas da cidade, que são ocupadas com brincadeiras ao ar livre. A ação promove atividades culturais, esportivas e educativas dedicadas às crianças, possibilitando brincadeiras, conversas e diversão na rua, com segurança.

Iniciativas assim conseguem atingir vários pontos importantes: envolvem os moradores com o lugar onde vivem, promovem a interação interpessoal, criam vínculos entre famílias e, principalmente, fazem com que as pessoas se desconectem do mundo virtual e se conectem com o mundo real. Há uma frase muito expressiva que ouvi da psicóloga infantil Nádia Bisterço, que se aplica perfeitamente a ações desse nível. “Desligue as telas e ligue a vida.” Isto vale não apenas para o lar, mas para todos os espaços. Precisamos olhar mais para o mundo real e para os seres que nele habitam.