O senador cearense Eduardo Girão (Novo) tentou entregar uma réplica de um feto nos primeiros meses de gestação ao ministro dos Direitos Humanos, Silvio de Almeida, durante uma audiência no Senado nesta quinta-feira, 27. O titular se recusou a receber a réplica e criticou a postura do parlamentar. “Não quero receber isso por um motivo muito simples: eu vou ser pai agora. Sei muito bem o que significa isso. Isso, para mim, é uma performance que eu repudio profundamente. Com todo respeito, é uma exploração inaceitável de um problema muito sério que nós temos no país”, afirmou.
O ministro foi aplaudido pelos demais senadores presentes na audiência.
“Em nome da minha filha, que vai nascer, eu me recuso a receber isso. É um escárnio! Sou um homem sério e imagino que o senhor também seja. Esse tipo de performance não é o que condiz com a minha maneira de ver a política”, acrescentou.
Antes de tentar entregar a réplica ao ministro, Girão falava sobre a importância de preservar a vida, quando disse que iria “materializar” a discussão. A réplica seria de um feto de uma criança com 11 semanas de gestação.
Após a recusa do titular dos Direitos Humanos, o parlamentar afirmou que seu objetivo não era ofender o ministro. “Peço desculpas. Isso não é brincadeira, isso é seriedade. Eu só quero fazer um contraponto muito respeitoso ao ministro, dizendo que não foi brincadeira, isso é algo seríssimo. Eu deixei na mesa desta comissão, entreguei a ministros do Supremo, entreguei a alguns outros ministros que receberam e eu respeito que o senhor não quis receber”, ponderou.
REPERCUSSÃO
Na tarde desta quinta, após repercussão do caso, o senador cearense usou as redes sociais para mostrar sua versão dos fatos. “Meses atrás, o então candidato a presidente Lula se comprometeu na campanha, com direito a carta aberta aos cristãos, a defender ‘a vida plena em todas as suas fases’… Eu questionei e alertei que, durante todos os governos do PT, as políticas sempre foram [‘abortistas’] e que isso era mais uma bravata para enganar os brasileiros! Pois é, não deu outra”, disse Girão.
“A atitude do ministro Silvio Almeida hoje, em sequer aceitar a entrega respeitosa do símbolo mundial em defesa da vida (reprodução do bebê com 12 semanas), escancarou a vergonhosa incoerência não apenas do Ministério dos Direitos Humanos, mas do governo Lula. Se não fosse ministro seria mais compreensível a recusa, mas como agente público ele [deve] ter tolerância as opiniões e manifestações contrárias. A sua postura foi mais de ativista ideológico do que de Ministro de Estado”, disse.
Girão também afirma que Silvio Almeida foi como convidado ao Senado Federal e “não respeitou um representante do Poder legislativo”.
Girão também teceu críticas ao governo Lula que, segundo ele, “tem atuado fortemente no sentido contrário às promessas que fez”, citando a saída do Brasil do Consenso de Genebra, que reafirma a defesa da vida desde a concepção, além da revogação da portaria do Ministério da Saúde (2561/2020), sobre o Procedimento de Justificação e Autorização da Interrupção da Gravidez nos casos previstos em lei, no âmbito do SUS. Segundo Girão, a portaria tratava ainda da comunicação as autoridades sobre o estupro a fim de identificar e punir o criminoso. “Com essa nova medida do Governo Federal, a mulher fica vulnerável a novas agressões e o violentador, muitas vezes até convivendo com a vítima, totalmente impune”, critica.