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25 de maio de 2025

Sesa segue acompanhando suspeita de varíola dos macacos no Ceará

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Principal suspeita pode não ter a ver com a doença que tem casos em mais de 20 países, mas sim com varicela, mais conhecida como catapora. Informações são da Secretaria da Saúde

Priscila Baima
priscila.baima@opiniaoce.com.br

Hospital São José, referência no Ceará em doenças infecciosas (Foto: Natinho Rodrigues)

De um residente de Fortaleza, o primeiro caso suspeito de Monkeypox (varíola dos macacos) no Ceará seguia, pelo menos até a noite desta segunda-feira, 30, em investigação epidemiológica pelos profissionais de saúde.

A principal suspeita, no entanto, pode não ter a ver com a doença que tem casos em mais de 20 países, mas sim com varicela, mais conhecida como catapora. As informações são da Secretaria da Saúde (Sesa) do Estado.

De acordo com a pasta, foram aplicadas todas as medidas recomendadas como isolamento domiciliar, busca de contatos e coleta de material para exames, que está em processamento. Além disso, não foi identificado nenhum deslocamento para áreas em que foram confirmados casos e nem contato com pessoas com a doença. “A principal suspeita diagnóstica é varicela. A vigilância em saúde da Sesa permanece monitorando o caso”, diz nota enviada ao OPINIÃO CE.

O outro caso suspeito está localizado em Santa Catarina. Uma terceira pessoa está sendo monitorada no Rio Grande do Sul, mas ainda não foi classificada como suspeita. A médica epidemiologista e vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Lígia Kerr, alerta para os cuidados, mesmo que o grau de transmissão da doença seja menor que o da covid-19 em sua avaliação.

“Os riscos dessa doença disseminar são bem possíveis. Já são 23 países com casos suspeitos. No entanto, não tem um grau de transmissão grande como a covid-19. É possível fazer o controle. O que ainda nós [pesquisadores] não sabemos exatamente é como está ocorrendo essa transmissão”, revela Lígia. Mesmo com a possibilidade de controle, os casos suspeitos ou confirmados devem ser isolados até descartar ou confirmar o diagnóstico e, se confirmado, o paciente deve ser isolado por 21 dias, de acordo com a médica.

EM 1958
Embora se chame varíola dos macacos e pareça ser recente, a doença foi diagnóstica em macacos de laboratório em 1958, por isso o nome. Todavia, são os roedores os maiores transmissores. “É mais uma zoonose que temos, como a dengue, zica, HIV, entre outras”, ressalta a epidemiologista, que avalia o desmatamento como um dos principais motivos para que essas zoonoses estejam aumentando, uma vez que o contato entre seres humanos e animais aumentou por consequência disso.

Em relação à vacina, o imunobiológico já existe, diferentemente da covid-19, que foi preciso esperar a sua produção. “Embora não esteja disponível no Brasil, a vacina da varíola dos macacos existe nos Estados Unidos e tem uma produtora dinamarquesa que também produzir o imunobiológico”, pontua.

O biólogo, epidemiologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Carlos Henrique Alencar, explica que a principal medida é evitar o contato desprotegido com animais selvagens, especialmente aqueles que estão doentes ou mortos, incluindo sua carne e sangue. “Em países endêmicos, onde os animais transportam a varíola dos macacos, quaisquer alimentos que contenham carne ou partes de animais devem ser cuidadosamente cozidos antes de serem consumidos, por exemplo”, salienta Alencar.

Segundo o docente, pessoas com o vírus podem transmitir quando apresentam sintomas (normalmente entre duas e quatro semanas). A transmissão se dá principalmente por meio do contato físico próximo com alguém que tenha sintomas.

“Destaca-se que a erupção cutânea (as bolhas que aparecem na pele) e o fluido dentro dela (como fluido, pus ou sangue dessas lesões) e as crostas são particularmente infecciosas. Roupas, roupa de cama, toalhas ou objetos como utensílios/pratos das pessoas contaminadas com o vírus também podem infectar outras pessoas.”

O vírus também pode se espalhar de alguém que está grávida para o feto a partir da placenta, ou de um pai infectado para a criança durante ou após o nascimento por meio do contato da pele com a pele.

“Ainda não está claro se as pessoas que não têm sintomas podem espalhar a doença.O risco de uma epidemia é reduzido”, explica o professor. Na avaliação do biólogo, individualmente pode-se reduzir o risco limitando o contato com pessoas que estejam com suspeita ou confirmadas como um caso de varíola macaco.

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