O deputado estadual De Assis Diniz (PT), atual presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Agricultura Familiar, Pecuária e Pesca, utilizou seu tempo na tribuna da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) desta terça-feira (2) para comemorar as chuvas registradas no Estado durante a quadra invernosa. “Contrariando as previsões do ano passado, quando havia a preocupação com os possíveis efeitos do fenômeno El Niño, os açudes do Ceará chegaram a 45,6% do volume acumulado após as chuvas de março”, disse ele, que não citou a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), órgão que fez previsão de seca para este ano.
O ex-secretário estadual do Desenvolvimento Agrário na gestão de Camilo Santana e Izolda Cela destacou, ainda, que o mês de março alcançou a média histórica de chuvas. Segundo balanço da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o Ceará tem mais de 46% de recarga nos açudes monitorados e 36 reservatórios sangrando (informações atualizadas até às 14h40 desta terça-feira). “Enche de esperança nossos agricultores de uma boa safra este ano”, registrou.
Há exado um ano, o volume percentual dos açudes estava em 40,7%. À época, 48 reservatórios sangravam e outros 11 tinham mais de 90% da capacidade preenchida d’água. Além disso, o Estado também está com uma quantidade menor de reservatórios com baixo volume. O resultado tido como positivo, aliás, fez com que a Cogerh aprovasse a liberação de uma vazão de 14 m³/s nos reservatórios, sendo 7,5m³/s para o Vale do Jaguaribe (perímetros irrigados e rio) e 6,5 m³/s para a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), mesmo volume liberado da Transposição do Rio São Francisco.
PREVISÃO DE SECA
No último mês de novembro de 2023, o presidente da Funceme, Eduardo Sávio, anunciou que “não há dúvidas de que teremos seca” em 2024. “A Funceme foi a primeira instituição a alertar sobre isso há um bom tempo e agora provamos que não há possibilidade de termos uma boa quadra chuvosa com o cenário que temos hoje. Será impossível termos um bom aporte e deveremos trabalhar nisso, colocando em prática nossos aprendizados obtidos nos anos de seca”, avaliou o presidente. A fala ocorreu durante a 11ª Reunião Ordinária do Conselho de Recursos Hídricos do Ceará (Conerh).
Desde então, especialistas, órgãos competentes e o poder público vinham apontando para a preocupação com a seca em 2024. No entanto, desde o início da quadra chuvosa, em fevereiro, o Estado tem sido palco de precipitações intensas. O cenário tem sido visto de forma positiva pela população, mas como ressaltou o pesquisador Francisco Vasconcelos Júnior, da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos, ao OPINIÃO CE, os prognósticos não são alterados. Portanto, a previsão de maior probabilidade de chuvas abaixo da normalidade e quase igual à normalidade não será modificada.
“Não é modificado, pois o prognóstico aponta o risco associado às condições e às previsões dos modelos no momento em que ela foi emitida”.