Gonzaguinha de Messejana tem problemas estruturais, apontam fontes ouvidas pelo OPINIÃO CE. Há queixas, contudo, de que profissionais não receberam comunicado oficial de que serão remanejados
Priscila Baima
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Com estrutura comprometida, infiltrações e salas desativadas, o Hospital Distrital Gonzaga Mota de Messejana – o Gonzaguinha da Messejana – será fechado para reforma ainda neste ano. A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) nesta quarta-feira, 1º, ao OPINIÃO CE.
Os profissionais de saúde do local, no entanto, não foram avisados previamente sobre a reforma do prédio, segundo o Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort). A reforma acarretará a transferência da categoria para outras unidades de saúde geridas pelo município.
A diretora setorial de Saúde do Sindifort, Regina Cláudia Neri, diz que os servidores não foram ouvidos sobre a decisão previamente e que antes a informação era de demolição do prédio. ”Como aconteceu com o Frotinha do bairro, o fechamento do Gonzaguinha ocorre sem nenhuma discussão com os servidores e a população da grande Messejana, que ficará prejudicada sem os serviços de maternidade e UTI [Unidade de Terapia Intensiva] Neonatal.”
Como já aconteceu no caso do Frotinha de Messejana, ainda segundo Regina, os servidores serão realocados em outros hospitais espalhados pela Cidade de forma aleatória. “Não vamos aceitar mais esse gesto autoritário da Secretaria de Saúde. A nosso ver, isso, inclusive, pode ter um viés de aumentar a terceirização, que já é imensa nos serviços de saúde da Prefeitura”, denuncia.
Uma das fontes ouvida pela reportagem aponta que o clima é de muita tristeza. O principal motivo da transferência dos servidores e reforma do hospital é a estrutura física, que está visivelmente danificada, segundo a fonte. “Acho muito perigoso continuarmos aqui, pois quando chove sai muita água do teto e do forro. Corre o risco de desabar. A parte elétrica também precisa de grandes reparos. Já aconteceram vários problemas, como queda de rede elétrica.”
REALOCAÇÃO TEMPORÁRIA
Os profissionais de saúde foram informados que serão transferidos, inicialmente, para o Gonzaguinha do José Walter e Hospital da Mulher, e que o servidor poderá escolher o local que será alocado, caso o local escolhido tenha carência.
“Mesmo assim, muitos estão com o psicológico bastante abalado. Temos aqui um elefante branco. A Casa da Gestante foi inaugurada no final da gestão do Roberto Claudio (PDT), era uma estrutura maravilhosa e está fechada. Não sei se será demolida, mas se for será muito dinheiro público desperdiçado. A pediatria, por exemplo, foi fechada há mais de um ano. Ninguém sabe porque fecharam e deixaram a população sem atendimento”, acrescenta a fonte ouvida pela reportagem.
Outra fonte pondera que o clima é tenso há mais de cinco meses, quando começou a se falar que o Gonzaguinha ia ser reformado e ia ser gerido pelo uma empresa. Em relação à estrutura física, a fonte reafirma que os vazamentos e uma quantidade enorme de mofo prejudica os atendimentos aos pacientes.
“O hospital está muito destruído. Desde 2020, sofremos com vazamento de água pelas lâmpadas e câmeras, os setores com risco de choque, como Centro Cirúrgico e UTI, que está desativada e foi remanejada para o setor de Médio Risco. A gestão interna e externa deixou o hospital em estado deplorável”, reclama.As puérperas, por exemplo, sofrem com o calor insustentável. “Para amenizar, os acompanhantes levam os ventiladores de casa. Nosso refeitório também é uma vergonha! Quando chove, sobe tudo pelo ralo, assim como o mal cheiro terrível de fezes”, critica a segunda fonte.
O QUE DIZ A SMS
Na mesma nota, a SMS afirmou que seguirá o plano de modernização da sua rede hospitalar, que contemplará o Gonzaguinha. A unidade, que realiza pronto atendimento obstétrico 24 horas, ganhará nova estrutura física para qualificar o atendimento materno infantil.
“Prestes a completar 36 anos desde a sua inauguração, a unidade será reformada para qualificar o atendimento. Atualmente, são cerca de 75 leitos entre unidades semi-intensiva, intensiva neonatal, cuidados intermediários canguru, observação obstétrica e alojamentos conjuntos. O hospital conta atualmente com cerca de 700 profissionais. As equipes serão remanejadas para atuar nas demais unidades de saúde municipal, garantindo a manutenção da assistência à população.”
Ainda segundo a gestão, o atendimento na unidade permanece integral durante este semestre, após isso, os pacientes internados na unidade serão transferidos para outros hospitais da Rede Municipal da Saúde, respeitando as condições de saúde e classificação de risco.
A desmobilização do atendimento no início do segundo semestre será necessária para o cumprimento de etapas antes da obra, como remoção de equipamentos, transferência de equipes e averiguação das condições estruturais do prédio, assim como a garantia de condições salubres para profissionais e pacientes.
Para Francisco Bonfim, presidente do Conselho de Saúde Local do Hospital Distrital Gonzaga Mota Messejana, não existe nenhuma projeção da Prefeitura referente ao valor da obra, assim como o início das obras.
“Nenhum valor empenhado para a obra, assim como não existe planejamento, tampouco um cronograma da execução das obras. Esse problema não é o único na cidade de Fortaleza.” (Colaborou Ingrid Campos)