O prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), pré-candidato à reeleição, afirmou que vai “conversar com quem for possível” em um eventual segundo turno. Conforme o gestor, nenhum partido está fora de opção. Ou seja, legendas que devem disputar o pleito contra Sarto como União Brasil, PL e o PT poderiam ser convocadas para uma aliança caso o PDT chegue à etapa final das eleições. Sarto de sabatina nesta quinta-feira (25), conduzida por UOL e Folha de S. Paulo.

Na disputa municipal, além do atual prefeito, pelo menos outros três pré-candidatos aparecem como nomes fortes. Pelo União Brasil, o ex-deputado federal Capitão Wagner tem liderado as últimas pesquisas e aparece como um dos principais adversários do pedetista. Apoiado pelo Governo do Estado e pelo presidente Lula (PT), o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), Evandro Leitão, é o pré-candidato do PT. Já pelo PL, com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal André Fernandes também postula ao cargo.

Sarto, ao dizer que “deve estar no segundo turno”, destacou que a ocasião representa uma “nova eleição” e uma nova pactuação. “Vou conversar com quem for preciso para que a gente continue esse processo de mudança em Fortaleza, para continuarmos com os avanços”, disse. Questionado diretamente sobre a possibilidade de apoio do PT, o prefeito afirmou que não veria problema e que, “claro”, aceitaria que o partido o apoiasse.

ELEIÇÕES: VICE E ADVERSÁRIOS

Mesmo com a sua convenção partidária se aproximando – domingo (28) -, Sarto ainda não possui definido quem será o pré-candidato ou sua pré-candidata a vice. Com um arco de alianças que conta com nove partidos, além do PDT (PSDB, PMN, PMB, PRTB, Democracia Cristã, Avante, Cidadania, PRD e Agir 36), o gestor afirma que tem dialogado com toda a base. No entanto, das siglas apresentadas, existe um “indicativo momentâneo” de que o PSDB siga na composição da chapa. “Nos dois dias (até a convenção) vamos concluir, depois de conversar”. Como noticiou o OPINIÃO CE, muito está em jogo na disputa pela vaga.

Sobre Capitão Wagner liderando as últimas pesquisas, o prefeito disse que é um cenário “natural”, já que o postulante do União Brasil é um nome conhecido e que já disputou eleições anteriores para cargos do Executivo em Fortaleza e no Ceará. Sarto, apesar de dizer que Capitão “tem aprendido muito”, o chamou de conveniente. “Surgiu no extremismo e está migrando para dentro, parece meio conveniente adotar uma postura em um momento e depois outra”.

A fala do gestor diz respeito ao movimento de Wagner de se desvencilhar do bolsonarismo. Desde 2022, quando concorreu ao Governo do Ceará, o dirigente do União Brasil tem buscado distanciar o seu nome ao do ex-presidente do Brasil.

Contra Evandro, o prefeito lembrou que o presidente do Legislativo e nome petista para o pleito era filiado ao PDT anteriormente e que apresentou “infidelidade partidária” ao não apoiar o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, como candidato ao Executivo Estadual. Na ocasião, Leitão apoiou a ex-vice-governadora Izolda Cela.

CRÍTICAS AOS GOVERNOS PETISTAS

Ainda no contexto eleitoral e partidário, Sarto criticou o PT, afirmando que a legenda “carece de autoavaliação”. Segundo ele, o Brasil enfrenta uma “dogmatização da política”, onde se evidencia a polarização, ou o “nós contra eles e eles contra nós”. “O Lula ainda acha que está governando em 2002 e 2008, quando o cenário mundial era completamente diferente. Os números estão dizendo que o Brasil está perdendo força”.

Ao Governo Estadual, chefiado por Elmano de Freitas (PT), o prefeito fez acusação de que está sofrendo um “embargo partidário”. Conforme o gestor, o Executivo Estadual, em transferências voluntárias, repassou R$ 159 mil para Fortaleza, enquanto o município de Guaramiranga, no Interior do Estado, teria recebido quase R$ 600 mil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto Fortaleza possui 2.428.708 habitantes, a cidade serrana possui 5.132. O pedetista ressalta uma “falta de critério” nos repasses.

“O Ceará está retrocedendo a passos largos para um modo político de governar que remonta à época medieval. Não se libera recursos se o prefeito não rezarem pela cartilha do governador do PT”, acusou.

Ainda de acordo com Sarto, o modo de fazer política de Elmano é por meio da tentativa de “eliminar” as vozes discordantes. “É um projeto liderado pelo atual governador, que não quer ver nenhuma posição antagônica ao projeto de Governo”, disse, afirmando, na sequência, que Elmano tem usado de “todos os artifícios para acabar com o debate público”.