
“Não se combate a seca, se convive com ela”. A filosofia dentro da frase se tornou marco e redirecionou as ações no semiárido. Desde que autoridades e sertanejos começaram a entender que não é possível se combater um fenômeno natural, que não há como barrar a força da natureza, o olhar para a seca e suas consequências mudou. Era preciso encontrar alternativas de convivência e não de combate. Um dos grandes diferenciais do Ceará foi o investimento em infraestrutura hídrica. Não à toa, o Estado foi escolhido como sede do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), o órgão centenário criado para construir e gerenciar grandes obras de infraestrutura hídrica no semiárido. Aqui, o DNOCS ergueu a maioria de suas barragens, inclusive o maior açude do País para múltiplos usos, o Castanhão, no Vale Jaguaribano cearense.
Seguindo o ritmo e entendendo que o armazenamento de água era o caminho a ser seguido, o Ceará incrementou a rota hídrica com açudes, adutoras, perfuração de poços e ações de gerenciamento e distribuição de água. Neste sábado (14), o sistema de armazenamento do Estado ganha reforço com a inauguração da barragem Melancia, em São Luís do Curu, na região do Médio Curu. Com capacidade para armazenar 27,36 milhões de metros cúbicos – vazão suficiente para preencher o vazio hídrico existente na região e aumentar a garantia de água – a barragem entra em operação em um ano de boas chuvas e recuperação do armazenamento de água no Ceará.
O reservatório funcionará também como fonte de recurso hídrico para irrigação, além facilitar a execução da piscicultura. Segundo o secretário de Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, “as obras de infraestrutura hídrica aliadas à boa gestão dos recursos tem possibilitado ao Ceará atravessar os sucessivos períodos de escassez hídrica”. Ressaltar a gestão da água é um ponto importante. Apesar do histórico de secas severas, o cearense ainda desperdiça muita água. O uso racional não é prática comum, principalmente nos centros urbanos. Isso precisa mudar para que as reservas possam ser mais duradouras.
Água é um bem essencial e escasso. Não só regiões semiáridas – onde a disponibilidade hídrica é naturalmente menor – como em qualquer lugar do mundo, é preciso rever costumes e se adequar ao conceito da sustentabilidade.