A política de armamento da Guarda Municipal de Fortaleza (GMF) com armas de fogo, anunciada pelo prefeito José Sarto (PDT) no último mês de maio, tem gerado respostas positivas e negativas de agentes da política fortalezense e cearense. O deputado estadual Renato Roseno (Psol) é um dos que se posicionam contra a política de Sarto. Ao podcast Questão de Opinião, do OPINIÃO CE, o parlamentar mostra preocupação com a iniciativa, e destaca que “mais armas circulando geram mais mortes”.
Como completou o psolista, mesmo tais armas sendo legais, estando previstas dentro da Lei, elas podem chegar ao crime organizado, tornando-se ilegais. “Elas saem da fábrica legais, saem da forja legal, vão ser vendidas para a empresa de segurança privada, vai ser vendida para a loja, para o exército, para a segurança pública, mas em algum momento essa arma legal pode se transformar em ilegal”.
“Ela se transforma em ilegal por desvio, furto ou roubo. Por exemplo, é muito comum que um agente da segurança pública ou privada seja mais vulnerável a um latrocínio por causa da arma. Transformar os guardas municipais civis em guardas armados vai aumentar o número de intervenções contra estes guardas para tomar essas armas”, acrescentou o deputado.
Roseno, aliás, lembrou que os guardas municipais não são treinados para trabalharem armados. “Isso é muito perigoso contra os próprios guardas, eles não são policiais”. O prefeito Sarto garantiu que os agentes da GMF vão receber treinamento para utilizarem as armas de fogo já anunciadas.
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“PAPEL” DA GUARDA MUNICIPAL
Como completa o deputado estadual, a Guarda Municipal possui o papel de fazer a prevenção social, nos níveis primários, secundários e terciários. Ele explica: “A primária é a universal, para todos. A secundária é a prevenção seletiva, aquela que você chega naquele adolescente que saiu da escola, com busca ativa, não deixando que ele seja capturado por lógicas criminais. E a terciária é aquela com quem já está em violência, que aí vou ter que ter um conjunto de políticas”.
“A roda já foi inventada. Eu estudo prevenção a violência há mais de décadas. A gente não precisa reinventar a roda, a gente precisa desenvolver canais de prevenção à violência”.