A fé é imaterial, se sente. Já as expressões de fé são espetáculos do mundo, que emocionam. Quem já teve a oportunidade de visitar santuários, certamente se deparou com imagens marcantes. Algumas mais discretas, solitárias, silenciosas, porém intensas, onde o homem se entrega a sua fé. Já as expressões mais fervorosas são aquelas que reunem multidões, pessoas unidas em oração, pagando promessas, fazendo sacrifícios em nome de algo maior, acima de limites e julgamentos.
Juazeiro do Norte, no Cariri Cearense, é um desses santuários a céu aberto, onde se encontra uma demonstração de fé por metro quadrado. Essas expressões já estão incorporadas à rotina na cidade. Talvez por isso, nos últimos dois anos, a terra do Padre Cícero ficou triste e sem vida. Com a pandemia, as romarias de multidões foram suspensas. Os rituais de visitação aos pontos religiosos da cidade foram proibidos. Até celebrações simples deixaram de existir. As lives, que viraram febre no isolamento social, tentaram suprir a carência, mas os romeiros gostam mesmo é de ajoelhar na terra que consideram santa. Eles querem subir a pé até chegar à Colina do Horto, querem cantar louvores em coro, querem rezar o terço olhando para as imagens do Padim e da Mãe da Dores. Tudo isso será possível este ano.
A Semana Santa marca o retorno dos rituais em Juazeiro. Há uma atmosfera de esperança e festa, o reencontro do exército romeiro com seu líder espiritual. A programação começou neste domingo (10) com a Missa de Ramos, e segue até o dia 17, Domingo de Páscoa.
Segundo a Ordem Salesiana, que administra a Colina do Horto, alguns ajustes foram feitos para essa retomada, entre eles, o fechamento da Colina às 22h. As lives diárias serão mantidas para atender àqueles que ainda não se sentem seguros para sair de casa ou que estão impossibilitados por problemas de saúde.
Para além da retomada da programação religiosa, há uma sensação de recomeço, de gratidão pela vida e de oração por aqueles que morreram nessa jornada que desafiou o mundo. Voltar ao Horto é ter a certeza de que uma imensa corrente de oração vai se espalhar por aquela região e ultrapassar as barreiras materiais, porque “a fé move montanhas.”