Em reunião nesta sexta (27), o PDT Nacional decidiu destituir Cid Gomes (PDT) do comando da sigla no Ceará. Assim, o deputado federal André Figueiredo (PDT-CE), licenciado após acordo firmado com Cid em julho, reassumirá o cargo. Segundo Figueiredo, a medida tem valor liminar, portanto, será nomeado um interventor.
O ambiente teve um clima acalorado, com Cid aos gritos após a reunião e discussões fervorosas com o irmão, Ciro Gomes. O senador foi o único que voltou contrário a intervenção, além de uma abstenção. O senador afirmou que a decisão o surpreendeu negativamente, questionando o fato de não haver uma abertura prévia de um processo.
“Não se aprova uma intervenção sem a abertura prévia de um processo, sem dizer do que a pessoa está sendo acusada para poder exercer seu direito de ampla defesa e por último ter uma deliberação do Conselho de Ética, depois da Executiva e depois do Diretório. Mas eles já aprovaram a intervenção sem cumprir nenhuma dessas etapas. Não sei sequer a razão dessa intervenção”, pontuou Cid.
Em relação a André Figueiredo, ele afirmou que há circunstâncias que são ruins, mas que precisam de uma discussão mais profunda, visando amadurecer o partido.
ENTENDA
O PDT vive uma crise interna que divide o partido e multiplica episódios de confronto entre correligionários. A origem está na divergência quanto ao candidato que o partido deveria lançar nas eleições de 2022, na disputa pelo Governo do Estado.
O PT queria a reeleição de Izolda Cela e rejeitava o nome do ex-prefeito Roberto Cláudio. Em votação interna, o partido bancou o candidato em detrimento da então governadora. Izolda deixou o partido, pedetistas fieis a Camilo não embarcaram na campanha de Roberto Cláudio e alguns contribuíram ativamente com a campanha de Elmano.
Com a derrota de Roberto Cláudio, a ala cirista não voltou a bons termos com o PDT aliado ao PT. O caso deu ao partido um status estranho na base de Elmano de Freitas, com pedetistas no governo e em posições importantes na Assembleia Legislativa e, ao mesmo tempo, com um grupo oposicionista.
O acordo entre André Figueiredo e Cid Gomes, oficialmente, tinha a intenção de resolver o impasse e “pacificar” o PDT. Paz que derreteu com a judicialização da disputa interna e, agora, com mais um episódio de intervenção nacional, que tem por alvo um das maiores lideranças do partido no país, Cid Gomes.