O Ceará fez um movimento bastante arriscado ao contratar Lucho Gonzalez como seu treinador. Aposentado da bela carreira que teve como jogador de futebol há menos de dois anos, a experiência do agora comandante do time alvinegro na área técnica foi de poucos meses como auxiliar de Alberto Valentim no Athletico-PR. A única coisa que vai dizer se foi ou não uma boa escolha é o tempo, já que não há como ter parâmetros a respeito do trabalho de Lucho à frente de qualquer equipe. É o clichê do “tiro no escuro.” A escassez do mercado nacional e a resistência de treinadores mais consolidados em pegarem um time cambaleante nesta altura da temporada contribuíram bastante para a decisão. Os desafios do novo técnico serão enormes.
Lucho vai pegar um amontoado de jogadores que passaram por uma desconstrução de padrão durante a gestão de Marquinhos Santos, que desmanchou qualquer legado que Dorival Júnior poderia ter deixado, apesar do pouco tempo em que ambos passaram no Vovô. Todavia, Lucho Gonzalez chega com a chancela de qualidade atestada por Paulo Autuori, que teria sido consultado pela direção do Ceará antes da contratação.
Ambos conviveram em Curitiba durante muito tempo e de futebol Autuori entende. Nos cerca de três meses que faltam até o fim da temporada, o Ceará, eliminado das outras competições, tem apenas o Brasileirão para se preocupar. A preparação física do clube, em parceria com o Departamento Médico, podem ser fundamentais para dar um respiro e, talvez, mais para frente, fazer com que o Alvinegro de Porangabuçu almeje objetivos maiores que não apenas se distanciar da zona da degola. Ou seja, se a esse tempo para descanso e preparação for aproveitado e Lucho Gonzalez conseguir fazer do Ceará uma equipe taticamente equilibrada, pode ser que tudo se ajuste. Do contrário, o preço a se pagar pela aposta vai ser bem alto, e a “culatra” de quem comanda o futebol alvinegro não vai ser páreo para tantos disparos.