Energia elétrica é o principal fator, somando-se aos preços dos combustíveis e dos alimentos. Dados de maio para junho são os mais atuais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Priscila Baima
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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação mensal no Brasil, destacou a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) com a quinta maior alta para o mês de junho no Brasil. Energia elétrica é o principal fator desse crescimento inflacionário somando-se ao preço dos combustíveis e dos alimentos.
Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na última sexta-feira (24), e mostram crescimento de 0,73% da inflação na Grande Fortaleza na passagem de maio para junho deste ano.
Número expressa uma desaceleração no agravamento da inflação na região, mas mantém tendência de alta nos preços. Indicador ficou acima da média brasileira (0,69%).
Para Ricardo Coimbra, professor de economia e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE) os dados mostram que ainda há um repique inflacionário. “Parte dele, advém do crescimento bem acima do que se esperava da energia elétrica, em torno de 25%. Além disso, os preços combustíveis e os preços dos alimentos também refletem no crescimento da prévia da inflação mensal. Por outro lado, há interferências fiscais do Governo Federal que geram instabilidade com a possibilidade de quebra da situação fiscal do país com o teto do ICMS”, explica.
O economista Vicente Férrer, no entanto, acredita que “a queda no consumo tem sido muito efetiva mostrando que, ao longo do tempo, a inflação vem caindo e a tendência é que ela reduza a zero praticamente. A tendência é que a inflação caia e que os preços parem de subir para se manterem no mercado.”
Em maio, o IPCA-15 foi de 1,29%, na RMF, 0,40 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa registrada em abril (1,69%). Foi a maior variação entre as demais regiões pesquisadas pelo Instituto. No acumulado dos últimos 12 meses, o IBGE estima inflação de 11,89%. Na prática, isso significa que, em média, todos os alimentos, produtos e serviços ficaram 11,89% mais caros desde 1º de janeiro deste ano.
OITO GRUPOS TIVERAM ALTA NA RMF
Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em maio na RMF. A exceção foi Habitação (-0,13%). A maior alta veio de Saúde e cuidados pessoais (2,28%), que contribuiu com 0,28 p.p. no índice do mês. Já o maior impacto positivo (0,43 p.p.) veio da Alimentação (1,80%), que acelerou em relação a abril (1,56%), os Transportes (2,06%) foi a segunda maior variação em impacto.
Os demais grupos ficaram entre o 0,03% de Educação e o 1,71% de Vestuário. Já em junho, de acordo com o levantamento, na Grande Fortaleza o impacto do reajuste tarifário de 24,85% na conta de luz implementado em abril deste ano pela Enel Ceará segue pressionando a renda dos consumidores da RMF, influenciando os índices de inflação. O reajuste impacta alta de 2,04% nos gastos com habitação em junho por exemplo.
Além disso, o recente reajuste nos planos de saúde também se apresenta como decisivo para o agravamento da inflação na Grande Fortaleza e no Brasil. Em junho, o IPCA-15 destaca alta de 0,58% nas despesas pessoais e de 0,50% nos gastos com saúde e cuidados pessoais.
Na outra ponta, o setor de educação registrou alta de 0,01% em junho, configurando cenário de estabilidade. O setor com menor alta real foi o de alimentação e bebidas, com peso inflacionário de 0,32% em junho. Todos nove grupos de serviços e produtos pesquisados pelo IBGE computaram alta no Brasil e no Ceará.
EM ESCALA NACIONAL
No contexto nacional, a prévia da inflação acelerou em junho para 0,69%, ficando 0,10 ponto percentual (p.p.) acima da taxa registrada em maio (0,59%). O subitem de maior influência na taxa do mês foi planos de saúde, que subiu 2,99%.
No acumulado do ano, o IPCA-15 tem alta de 5,65% enquanto nos últimos 12 meses, a taxa desacelerou para 12,04%, abaixo dos 12,20% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Todos os grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram alta em junho. O maior crescimento da inflação foi registrado no setor de vestuário, com alta de 1,77% em junho, seguido pelo setor de saúde e cuidados pessoais, com alta de 1,27% no IPCA-15.
As menores altas registradas foram no setor de alimentação e bebidas, com alta de 0,25% em junho, após ter computado alta de 1,52% em maio frente abril. Por fim, os serviços de educação registram em junho aumento de 0,07%.