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20 de abril de 2025

Queda de preços de combustíveis, energia e petróleo explica projeção de redução de juros

Economistas consultados pelo OPINIÃO CE apontam que a queda dos valores desses itens é a principal responsável pela projeção
Foto: Agência Brasil

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De acordo com o boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 19, o percentual do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2022 caiu para 6%. O OPINIÃO CE ouviu especialistas em economia que explicaram o motivo da redução e o que a causou e de perspectivas futuras, com base no cenário atual.

Quatro semanas antes, a projeção para o encerramento do ano era de 6,82%. Uma semana atrás era de 6,40%. Essa foi a décima nona semana consecutiva que o mercado financeiro reduziu a previsão da inflação em 2022. Segundo os especialistas consultados, a diminuição da projeção da inflação está diretamente ligada à política governamental de redução dos impostos de combustíveis e de energia elétrica e à queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional.

Joseph Vasconcelos, doutor em Economia e professor da Faculdade de Administração e Ciências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Facc/UFRJ), afirma que “o principal fator que contribuiu para a queda do índice geral de preços foi, “sem dúvida”, a redução nos preços dos combustíveis e da energia elétrica.

“Como sabemos, praticamente todo setor produtivo depende de combustível e energia para produzir bens e serviços. Logo, esses dois elementos fazem parte da estrutura de insumos e custos de quase tudo. Uma vez que se reduz o custo desses insumos, é possível verificar um efeito cascata para os demais produtos da economia, o que resulta num arrefecimento dos preços.”

O especialista também cita outro fator que ajuda a diminuir os preços na economia nacional: a política de alta de juros aplicada pelo Banco Central. “A queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional e a política de desoneração tributária aos combustíveis e ao setor elétrico praticada pelo Governo Federal contribuíram para essa redução de preços do diesel, gasolina e energia elétrica. Além disso, pelo lado da demanda, é possível apontar que a política de alta de juros praticadas pelo Banco Central também tem sido uma aliada para frear a alta de preços na economia.

EXPECTATIVAS

Segundo Erico Veras, doutor em Administração e professor do Departamento de Contabilidade da Universidade Federal do Ceará (UFC), a política monetária de alta taxa de juros tem consequências na economia. “O preço disso é que, quando existe uma política monetária de alta taxa de juros, ela é recessiva, o que significa que a economia não cresce. E as pessoas têm a questão do emprego e o crédito fica mais caro. Então, a queda da inflação existe, mas tem um custo por trás disso.”

O especialista prevê a queda da taxa de juros, porém apenas no próximo ano, caso haja a manutenção da inflação baixa. “A expectativa é de que, se a gente conseguir manter uma inflação baixa, isto viabiliza que as pessoas consumam e que as empresas invistam, porque a taxa de juros deve baixar também. Contudo, isso só mais para frente, em 2023”, citou.

O professor da UFRJ corrobora que a taxa de juros aplicada pelo Banco Central deve cair, já que a inflação sob controle permite isso. “Embora o Banco Central ainda não fale em redução imediata da taxa de juros Selic, o mercado prevê que, se houver queda da expectativa de inflação para o ano que vem, é possível que a autoridade monetária passe a iniciar uma série de reduções da taxa Selic, o que aumentaria a liquidez do setor produtivo e daria um fôlego a mais para a economia crescer.”

David Mota
david.mota@opiniaoce.com.br

Caio Salgueiro
ESPECIAL PARA OPINIÃO CE
caio.salgueiro@opiniaoce.com.br

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