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4 de outubro de 2024

Quebra de elos partidários no Estado aponta para novas lideranças políticas

Pelo menos quatro cisões têm efeitos práticos mais significativos no cenário atual, por representarem blocos tão fortes no Estado
Camilo Santana, ex-governador do Ceará
Foto: Natinho Rodrigues

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Ingrid Campos
ingrid.campos@opiniaoce.com.br

As eleições deste ano têm se firmado na linha do tempo da história política do Ceará pelos rompimentos de alianças pré-estabelecidas. Pelo menos quatro delas têm efeitos práticos mais significativos no cenário por representarem blocos tão fortes no Estado. São elas as entre PT e PDT, PP e PDT, PL e PDT e a cisão interna no PSDB entre Tasso Jereissati e Chiquinho Feitosa.

Outras, como a saída do Solidariedade e do PROS do grupo de Capitão Wagner (UB), representam mudanças bruscas de posição, mas cada uma a seu modo. A do PROS, por exemplo, ainda é incerta pelas coligações do partido estarem sub judice. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem analisado quem deve ficar com o comando nacional e estadual da legenda, o que, na prática, dita a que lado o PROS se alia.

Os rompimentos observados em 2022 são familiares aos cearenses, como aponta a pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia da Universidade Federal do Ceará (Lepem/UFC), Monalisa Torres.

Em 1986, o apoio de Gonzaga Mota a Tasso Jereissati na disputa a governador, a contragosto daqueles que uniram esforços para a sua eleição anos antes, “marcou a virada de chave da mudança de uma hegemonia política.” Também neste ano o fenômeno pode levar a uma nova quebra de hegemonia. Essa é a avaliação de Emanuel Freitas, professor adjunto de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

“Roberto Cláudio tende a ser o grande perdedor desse rompimento porque ele perde o apoio do Camilo [Santana] e toda uma estrutura de prefeitos que estão com ele e fica apenas com o Ciro, que não é um bom cabo eleitoral, como mostram as pesquisas de intenção de voto”, diz. Quanto ao PSDB, para ele, o “ocaso” é o que se observa. “O número de prefeituras é insignificante, o de deputados também… Roberto Pessoa, Fernanda Pessoa, Danilo Forte saíram do partido recentemente (para ir ao UB). […] Em termos da influência, o Tasso já não é mais aquilo que era anteriormente”, completa Freitas.

PSDB: ATRITO INTERNO
O partido vem passando por uma cisão interna desde a quebra de aliança entre PT e PDT. A ala ligada ao então presidente estadual Chiquinho Feitosa preferia aliança com o grupo petista ou a neutralidade. Já a ligada a Tasso preferia aliança com o grupo de Ciro Gomes (PDT) e Roberto Cláudio (PDT). As divergências, elevadas ao máximo com confusões públicas e a realização de duas convenções tucanas, levaram à destituição de Chiquinho do comando estadual da legenda, que havia sido indicado ao posto, no começo do ano, pelo próprio Tasso. Este passou a assumir o cargo.

PDT X PT e PP
Sobre o grupo político coordenado pelo PDT no Ceará, Monalisa enfatiza que a sua variedade é responsável pelos rompimentos ao longo dos anos. “O grupo é grande, com interesses divergentes, heterogêneo do ponto de vista de partidos, de alas programáticas, de lideranças variadas, com perfis diferentes, é muito difícil manter um bloco assim coeso por tanto tempo”, diz.

Quando o PT decidiu sair do bloco, levou junto o PP, um importante partido da base dos mandatos no Executivo Estadual comandados, mesmo que na vice-governadoria, pelo PDT. A legenda de AJ e Zezinho Albuquerque, inclusive, chegou a brigar na Justiça para se manter do lado petista, posição contrária à da direção nacional, que é coligada com o PL de Jair Bolsonaro.

PL COM WAGNER
Com a formação do União Brasil e a ida de Capitão Wagner para o comando estadual do partido, a oposição no Ceará encontrou um elo para se fortalecer e chegar com mais força às eleições deste ano. Pensando nisso e considerando que o PL acomoda o presidente Bolsonaro, o partido decidiu deixar a aliança com os Ferreira Gomes e entrar no bloco do deputado federal licenciado.

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