O Gênesis nos diz que ao criar o mundo Deus ordenou que existisse a luz e a partir daí a luz passou a existir. Talvez, na cabeça de alguns crentes, se fizessem um esforço, imaginariam que essa ordem divina parece ser dada todo dia. É o que acontece ali por volta das cinco horas da manhã, quando os primeiros raios solares rompem a escuridão noturna.
E é um espetáculo da natureza. O céu fica alaranjado, depois vai ficando cada vez mais claro, até o tradicional tom azul aparecer com belas nuvens brancas. Nem é dia nem é noite: eis o show da aurora, que poucos veem. Certamente o número populacional que assiste ao pôr do sol deve superar a quantidade dos que já despertos contemplam o seu nascimento. Por que? Ora, não é todo mundo que às cinco da matina já está de pé olhando pro céu.
Com o pôr do sol é diferente. As pessoas sobem dunas para que ele seja admirado. Vão para a praia em busca de verem o encontro do sol com o mar. Estão saindo do trabalho, da escola, da faculdade. Estão namorando. Estão beijando. Estão amando. Estão ao volante, muitas vezes incomodados com a forte claridade batendo na vista.
Os que com certeza admiram a performance do amanhecer sem o romantismo dos fãs de carteirinha do anoitecer, são os guardas-noturnos, os que dão plantão durante a noite, os que viram a noite num velório ou num show, os insones, os preocupados e aflitos, os ansiosos.
Em cada amanhecer é como se o velho barbudo sobre as nuvens dissesse: “Que haja luz!”. E então os raios do astro rei começam a alcançar este planeta de posição privilegiada, mais um dia se inicia e a vida segue, embelezada pela maravilha do alvorecer.