Eis que Dalton Trevisan chega aos 99 anos. Escritor de dezenas de livros, reservado, fora dos holofotes midiáticos, marcou a literatura brasileira contemporânea com seu modo único de escrever, compondo um universo fictício próprio. Sintético, escolheu o conto como gênero. O drama burguês de casais de classe média, traições, brigas, ele retrata singularmente em suas obras. Mas também os meninos de rua, os usuários de droga aparecem nos últimos livros.
Recentemente, a editora Record anunciou a reedição das obras Macho Não Ganha Flor, Cemitério de Elefantes e Contos Eróticos, livros que tenho e que li em edições antigas. Outra forma de homenagem ao maior escritor brasileiro vivo foi a publicação de Antologia Pessoal, calhamaço que reúne uma bela amostra de toda a obra do nosso querido Vampiro. A editora Arte & Letra também o homenageou com a publicação artesanal, bastante cuidada, de Sonata ao Luar.
Jamais me esquecerei de quando me correspondi com Dalton. Vi na rede social que uma fã sua tinha recebido correspondência dele, entrei em contato com ela, pedindo o endereço. Então mandei livros, pedindo autógrafo e aguardei. Recebi os autógrafos e edições novas de presente. Outra vez em que tornei a enviar livros para que fossem autografados, recebi um bilhetinho, agradecendo pelas palavras que escrevi numa simples cartinha dirigida ao gênio do conto.
Foi certamente com pesar que os fãs que tinham o endereço antigo, o do casarão emblemático, receberam a notícia de que ele havia se mudado após um assalto em sua residência. E agora? Onde andará o Vampiro? Deve estar pelas ruas de Curitiba, caminhando, observando, colhendo material para suas muitas histórias. Ou descansando, tranquilo, satisfeito de seu legado. O centenário está próximo.
Viva Dalton Trevisan!