Pelas condições de cada deslocamento, é fácil perceber os meios mais indicados para cada um, pelo menos idealmente. Mas em muitos casos as escolhas são prejudicadas pelas condições da cidade

Uma pergunta que já ouvi várias vezes como especialista em mobilidade urbana é: qual a solução para a mobilidade da cidade? Apesar de alguns bilionários e/ou CEOs de empresas de tecnologia acharem (ou quererem vender) uma solução milagrosa como carros elétricos, infelizmente está longe de ser a solução. A resposta, infelizmente, é que não existe solução única para a cidade toda.
Mas existem várias soluções que podem facilmente ser apontadas como erradas, por diversos motivos. Você não precisa de um carro para ir comprar pão na padaria da esquina. Nem de metrô para ir passear numa praça a 5 quadras de casa. Mas também não gostaria de ir a pé visitar um parente que mora a dezenas de quilômetros. Ou de ter que pedalar com 2 malas de 20 kg até o aeroporto.
Pelas condições de cada deslocamento, é fácil perceber os meios mais indicados para cada um, pelo menos idealmente. Mas em muitos casos as escolhas são prejudicadas pelas condições da cidade, como transporte público ineficiente, calçadas ruins, falta de ciclovias, possibilidade de assaltos, e outros problemas que não permitem que as pessoas façam a escolha mais adequada. E quando se escolhe excessivamente o carro, em situações que não seria necessário, todos perdem.
O resultado é mais congestionamento, mais poluição do ar, poluição sonora, mais mortos e feridos no trânsito, ocupação excessiva e indevida do espaço público para estacionar um bem privado, além do prejuízo para a cidade causado por estas e outras consequências. Se a cidade der melhores condições para os modos mais desejáveis, as pessoas podem escolher melhor, o que é bom para todos.
Basta observar que tem mais gente pedalando onde tem melhores ciclovias, caminhando onde tem calçadas amplas, bem iluminadas e seguras, e pegando transporte público quando ele é rápido, confortável e com preço justo. Já passou da hora de nossos gestores pararem de ouvir bilionários e escolherem o que é melhor para a cidade e para a população.