Vereador é réu por tentativa de feminicídio que teria ocorrido no bairro Conjunto Ceará, no fim do ano passado
Ingrid Campos
ingrid.campos@opiniaoce.com.br

Nesta quarta-feira, 22, o diretório estadual do PT decide se mantém ou não o vereador de Fortaleza Ronivaldo Maia (PT) no seu quadro de filiados.
O político está suspenso do partido desde dezembro de 2021, quando veio à tona sua prisão por suposta tentativa de feminicídio no bairro Conjunto Ceará. Quem confirma a informação é a assessoria de imprensa do parlamentar.
Desde fevereiro último, a direção estadual do partido avalia a situação do vereador. Com base em relatório elaborado por comissão formada no âmbito municipal da legenda, o PT Ceará resolveu abrir um processo disciplinar sobre o caso em Comissão de Ética. Assim, nesta instância, foi dado parecer favorável à expulsão do vereador no início do mês.
Se o entendimento da comissão for o mesmo do diretório, Ronivaldo será expulso. Se não, cabem outras medidas administrativas. O OPINIÃO CE procurou a equipe de comunicação de Ronivaldo, que disse que o vereador só se pronunciará sobre a discussão após a decisão do PT.
A reportagem procurou, ainda, Antônio Filho (Conin), presidente da legenda no Estado; Guilherme Sampaio e Liliane Araújo, presidente e vice-presidente do PT Fortaleza; entre outras figuras ligadas ao processo disciplinar do parlamentar, mas ninguém atendeu às ligações. Apesar do parecer pela expulsão dado pela Comissão de Ética, uma parte do PT Ceará acha a medida exagerada.
Em maio, um grupo de 189 mulheres da legenda apresentou nota a Conin contra o ato. Na ocasião, o grupo disse que não “busca a impunidade”, mas sim uma “apuração imparcial dos fatos nas instâncias devidas”. Repudiaram, ainda, “qualquer espécie de julgamento antecipado, de linchamento moral e de penalização desproporcional às responsabilidades que forem justamente apuradas.”
“Nossa manifestação se baseia não apenas no repúdio ao pré-julgamento do companheiro, mas, também, em sua história de vida e de luta em defesa de causas libertárias, sempre pautada no respeito à vida, às liberdades e à dignidade da pessoa humana”, completou a nota.
RELEMBRE O CASO
Em 29 de novembro de 2021, Ronivaldo foi preso por suposta tentativa de feminicídio. Na mesma semana, ele foi suspenso do PT e pediu licença do mandato por 120 dias, sendo substituído por Dr. Vicente (PT), período que acabou em abril.
Naquele mês, o vereador voltou às atividades normalmente e, inclusive, passou a assumir cadeiras em comissões da Câmara Municipal de Fortaleza (CMFOR) ativamente, como é o caso da que analisa a venda da refinaria Lubnor pela Petrobras – que é localizada em parte de terreno da Prefeitura.
Na ocasião do seu retorno às atividades legislativas, pronunciou-se sobre o caso. “Infelizmente, num momento de discussão no qual os ânimos se acirraram, dei partida no veículo, acabando por atingi-la inevitavelmente. Eu não a atropelei e não a arrastei de modo como foi noticiado. Trata-se de um acidente lamentável”, disse.
Ronivaldo só retornou após a poeira baixar também na Casa. Isso porque ele foi alvo de processo administrativo na CMFOR, que avaliou a cassação do seu mandato. O relator do caso no Conselho de Ética da Câmara, Dr. Luciano Girão (PP), elaborou parecer indicando que não houve quebra de decoro parlamentar de sua parte, entendimento que foi seguido por quase todos os membros do colegiado. Assim, o processo foi arquivado.