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7 de fevereiro de 2025

PT busca MDB, PSDB, PDT e PSD para frente ampla para Presidência

Fachada lateral do Palácio do Planalto

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À reportagem, cientistas políticos analisam possibilidades da formação da frente ampla democrática já no primeiro turno, em outubro próximo, ou em um eventual segundo turno

Rodrigo Rodrigues
rodrigo.rodrigues@opiniaoce.com.br

Fachada lateral do Palácio do Planalto

Como desdobramento do evento de lançamento da pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto, tendo o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) na vice, o conselheiro nacional da pré-campanha, Wellington Dias (PT), em conversa exclusiva com o OPINIÃO CE, adiantou que o grupo tem conversado com outras frentes de centro-esquerda e centro-direita para viabilizar uma aliança maior que a já composta ao lado de PCdoB e PSOL, por exemplo.

Alguns dos partidos que, segundo Dias, seguem no radar de debate são PSDB, MDB, PDT e PSD. À reportagem, cientistas políticos analisam as possibilidades da formação da chamada frente ampla democrática já no primeiro turno, em outubro próximo, ou em um eventual segundo turno.

“O lançamento da chapa Lula-Alckmin busca esse entendimento de se chegar ao centro e ampliar para a centro-direita. O PSD chegou a ser convidado [para o lançamento da pré-candidatura], por meio do presidente Gilberto Kassab [líder nacional do partido]. Então, houve uma tentativa de manter esse diálogo com o PSD, que é uma grande sigla e está nesse campo da centro-direita”, explica Monalisa Soares, professora da UFC e coordenadora do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia da universidade.

A pesquisadora analisa que “tratativas e diálogos” já devem estar ocorrendo com nomes e movimentos que integram a chamada terceira via, como tucanos. Dias também afirmou que lideranças desses partidos no Congresso Nacional estão sendo procurados.

Ao final de 2021, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) foi procurado pelo PT para compor a chapa. Não houve avanços – Pacheco entende que, neste momento, o ideal é permanecer na Casa.

“Se a tônica da eleição é o anti-bolsonarismo, o candidato que chegar ao segundo turno deve ser apoiado por todos numa frente ampla”, acrescenta Monalisa, ponderando, no entanto, que as chances disso acontecer no primeiro turno são remotas. “Muito dificilmente o PDT irá recuar da candidatura de Ciro. O PSDB tenta se articular com outras forças para bancar o nome do [João] Doria.”

FRENTE AMPLA
O cientista político e professor de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Emanuel Freitas da Silva, acrescenta que é praticamente “impossível” uma aliança no atual momento.

“Vimos alguns movimentos recentes do João Doria de uma certa trégua do seu discurso em relação ao Lula, tentando diferenciá-lo do Bolsonaro, mas não sei se esse é um movimento tão presente no PSDB, que se ‘bolsonarizou’. Já Ciro tem mantido uma retórica muito incisiva de ataque ao PT. Acho quase impossível essa aliança se viabilizar no primeiro turno, até porque os deputados desses partidos precisam fazer bancadas e isso depende de candidatura presidencial.”

Para o professor, se o cenário se mantiver conforme as pesquisas mais recentes apontam – com Lula e Bolsonaro em vantagem em relação aos demais – há ainda a possibilidade de partidos como o PDT não estarem nessa ‘frente ampla’. “Acho difícil que o Ciro esteja [nesse bloco]. O PSDB deve seguir os grandes nomes do partido, e o PSD vai marchar com o que tiver condições mais viáveis de ser eleito. O PT está tendo certa dificuldade de ampliar seu arco partidário.”

O também cientista político Cleyton Monte pondera, no entanto, que o cenário pode mudar nas próximas pesquisas. “Se [a aliança] vai ser no primeiro ou segundo turno, acredito que vai depender das pesquisas até o próximo mês. Vamos ter as convenções partidárias iniciando em agosto e, dependendo das pesquisas até esse momento, isso [aliança] pode ser fechado até mesmo no primeiro turno. É difícil conciliar interesses regionais e propostas, mas é possível.”

Monte acrescenta que o cenário se deve muito ao “fracasso” da chamada terceira via. “Os últimos levantamentos consolidaram Lula e Bolsonaro e o naufrágio da terceira via. Esses partidos e Ciro não cresceram. As siglas que ainda não fecharam com Lula ou Bolsonaro terão que se decidir.”

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