Prefeito de uma das mais importantes cidades do Cariri, Juazeiro do Norte, Glêdson Lima Bezerra é natural da terra, filho do comerciante Damião Bezerra e da professora e ex-vereadora Elizabeth Oliveira. Casado com Sandra Cavalcante e pai de dois filhos, Gustavo e Vinícius. Já foi vereador por três vezes no município, tentou cargo de deputado estadual mas sem vitória. No ano 2020, foi eleito Prefeito de Juazeiro do Norte para o quadriênio 2021-2024, na primeira vez que concorreu ao cargo de chefe do poder executivo municipal, com 50.715 votos, correspondendo a 38,18% dos votos.
Em 2024, Glêdson tem um desafio pela frente nunca conquistado por nenhum prefeito anterior: a reeleição em Juazeiro do Norte. Na Diálogos desta semana, Glêdson conversa sobre os desafios a serem superados até ano que vem e como lida com a oposição e o retorno da população em relação à sua gestão.
OPINIÃO CE – Como está a relação atualmente entre você, prefeito, e o Dr. Giovanni, seu vice? E como você enxerga as eleições 2024?
Glêdson Bezerra – A minha relação com o Giovanni é a melhor possível e vejo como natural ele colocar o nome dele à disposição de um grupo partidário. Até agora, em tese, não estaria definida quanto a candidatura que seria apresentada. Ele tem uma aliança muito próxima com o ex-governador do Estado, Camilo Santana, e uma vez eu não conseguindo o apoio do Giovanni Sampaio, até pela fidelidade que ele já apresentou ao projeto do ministro Camilo, ele tem todo o direito de pensar que pode ser ungido na condição de candidatura. Acho que se ele lança a candidatura dele seria feita a política com P maiúsculo, porque ali, diante de dois amigos, cada um vai tentar convencer a população no momento oportuno do que é que tem de melhor, do que cada um tem o melhor projeto, cada um tem a melhor história a apresentar de vida pública. Vai passar pelo crivo da população e quem tiver melhor eleitoralmente, naquele momento, vai vencer. Minha relação com o Camilo não é descartada, mas eu diria que é remota. Eu tenho um compromisso político com Fernando Santana. Uma vez eu apoiando o Fernando para o cargo de deputado estadual, como assim o fiz, ele iria me apoiar na reeleição. A minha parte eu fiz e entreguei: meu apoio incondicional à candidatura dele. Da parte dele, só me resta esperar. Agora, uma coisa é você ter fechado um compromisso com Fernando e eu fechei, inclusive o Giovanni mesmo é testemunha.
Outra coisa é você contar com o apoio do governador Elmano, que eu não votei. O Elmano foi eleito e não contou com o meu voto, votei no Capitão Wagner. Eu votei no ministro Camilo para o Senado Federal, porém nunca houve dele qualquer tipo de afirmação que ele teria o compromisso de votar em mim na reeleição. Como o PT, historicamente, é por si só um partido orgânico, um partido que pensa em lançar candidatura própria.

OPINIÃO CE – Nesses três anos e meio de sua gestão em Juazeiro do Norte, o que você pode levantar de positivo?
Glêdson Bezerra – Inegavelmente, sem jogar confetes, é importante que Juazeiro do Norte virou uma página obscura nos últimos tempos. Quando eu assumi, os dados estatísticos estão aí para provar: eu recebi um passivo de R$ 123 milhões e com a folha de pagamento em atraso. O contrato do lixo custava R$ 4,5 milhões, superestimado. Tudo isso levou Juazeiro do Norte a ocupar as últimas posições em todos os indicadores. Hoje, em Juazeiro do Norte, os avanços são também a olhos vistos. Nós tiramos uma saúde de nota 2,1 para uma nota 9,53 que colocou Juazeiro do Norte em primeiro lugar entre todas as cidades do Brasil com mais de 200 mil habitantes. Em todas áreas temos resgatado muitas tradições de nossa cidade e investimento o máximo que a gente pode em todas as áreas. Mesmo em momentos de crises que os outros municípios estão passando, Juazeiro consegue pagar todos os seus servidores dentro do mês de referência. São mais de 100 obras da nossa cidade, estamos entregando obras que estavam paradas há mais de 10 anos. Tudo isso a população vai avaliar e isso faz parte de um projeto de organizar a cidade.
OPINIÃO CE – No que diz respeito à sua relação com a Câmara de Vereadores de Juazeiro, existiam grandes divergências da bancada. Hoje, como você enxerga o cenário?
Glêdson Bezerra – Eu digo que eu ainda tenho uma minoria na Câmara, isso é incontestável. A relação é institucional, muito forte, porém eu digo que é o melhor que pode se esperar do ponto de vista da fiscalização e da atuação indepedente entre os poderes. O ruim é quanto essa indepedência entre os poderes acaba por prejudicar a tramitação de matérias que são irrefutáveis para a população. Fora isso, contar com o Poder Legislativo fiscalizador com o Poder Legislativo forte, cobrador que reinvidica, que não deixa passar nada e que essa cobrança passa a ser permanente, constante faz com que a nossa equipe esteja em alerta a todo instante. Então, eu ganho com isso porque o prefeito de Juazeiro do Norte é um universo de 9.000 servidores. Só faço uma ressalva que em um ou outro momento, quando se deixa de votar uma matéria importante para a população, aí o fato de você não ter base aliada de maioria, acaba por prejudicar. No entanto, até nisso, eu acredito que os piores momentos tenha sido nos primeiros dois anos de governo.
OPINIÃO CE – Em relação ao Glêdson vereador, qual é a diferença desse político vereador e para o prefeito atualmente?
Glêdson Bezerra – Eu entendo que o vereador deve exercer o seu papel de fiscalizador e questionador, além de ser crítico, apresentar sugestões. E tudo isso tem acontecido na minha relação com a Câmara nos últimos tempos. Naquele instante em que eu exerci o cargo de vereador, era o que você deveria esperar desse politico. É a pessoa que dá o apoio necessário para a aprovação dos projetos importantes para a cidade. A partir do momento que você passa para o lado do Executivo, você passa a ter a responsabilidade de administrar. Isso foge do campo do discurso, da fiscalização e você tem que dar a resposta para as políticas públicas, tendo essa exigência permanente. O campo de atuação é outro e não menos importante, cada um dentro da sua importância. Diante de dezenas de obras, da folha de pagamento, de todas as estruturas que estamos montando, eu acredito que estou cumprindo meu papel de prefeito.

OPINIÃO CE – Prefeito, você é muito bem avaliado junto à opinião pública e também junto à classe política por ser o segundo prefeito mais honesto do Cariri. E você herdou uma prefeitura com gestões sendo questionadas sobre a forma como se gastavam o dinheiro público em Juazeiro do Norte. Você acredita que poderá atingir uma meta inédita que é um processo de reeleição?
Glêdson Bezerra – Tem um tabu em Juazeiro que soa, para mim, como um lado positivo e negativo no mesmo fato. O lado positivo é que Juazeiro conta na sua história recente da política com gigantes da nossa história que deram sua contribuição para nossa cidade com uma larga folha de serviço prestados, o inúmeros cargos que cada um deles ocupou e nenhum deles conseguiu a reeleição. Então, o ponto positivo é esse. Então, em tese, não dá para jogar muita carga em cima de mim. O ruim era se todo mundo tivesse sido reeleito e eu não ter sido. Por outro lado, é ruim na mesma base de avaliação – porque Juazeiro do Norte tem a fake news de que o Padre Cícero teria dito que ninguém seria reeleição – já tem um perfil de um eleitorado sabe que não reelege, portanto, é exigente. A responsabilidade é muito maior. Eu entendo que, provando para a população, seja possível a reeleição. A questão da articulação política, é óbvio, que ela é determinante para todo aquele que tenha interesse em disputar pela primeira vez ou numa reeleição, mas eu sei que não estou fazendo nada convencional, sei o tamanho do risco de sair, mas eu não levo isso como minha prioridade. Eu, até o último instante, vou tentar fazer a política que prometi ainda nos palanques.
OPINIÃO CE – Você adotou uma prática do PT lá atrás que era uma prestação de contas de cada centavo que a prefeitura gastou. Você acha que a população vai compreender como uma forma nova de apresentar resultados da gestão?
Glêdson Bezerra – Nós precisamos avançar em todos os setores. Existe uma camada da sociedade carente desse tipo de atuação, na qual tinha ânsia e desejo de ter acesso às informações, exigindo transparência. A classe produtiva e o pessoal da academia compõem esse grupo esclarecido, independente de sua classe ou condição social. No entanto, também há uma turma que busca respostas, uma população que espera respostas. Alcançamos essa população, que, por sua vez, tem a responsabilidade de compartilhar com os demais. Atuamos na assistência social também.
Nossos números nessa área são enormemente superiores ao que se verificava antes do nosso governo. A distribuição de cestas básicas e benefícios eventuais, assim como o resgate de atividades culturais e esportivas, que não ocorriam há anos em nosso município, agora acontecem de forma notável. Procuramos atuar em todas essas frentes, de modo que cada pessoa que se identifique com determinada política pública se sinta contemplada e estimulada a buscar mais, não no sentido de retornar a uma estratégia que não existia no passado.
OPINIÃO CE – Você foi o único prefeito dessa década que não foi afastado ou caçado e você não tem nenhum problema com o Ministério Público?
Glêdson Bezerra – Este é um novo momento na política de Juazeiro do Norte. Aproveito a oportunidade para esclarecer que nos bastidores e nos porões da política, já foi ventilada a possibilidade de tentar desgastar minha imagem através de um afastamento que não esteja de acordo com a Justiça, não estando de acordo com a lei. Porque, para que ocorra um afastamento, é necessário que haja um respaldo legal, mas já se ouviu essa especulação nos bastidores, compreende? Assim, surgem conversas discretas entre grupos políticos atuais, os quais afirmam que uma das estratégias para prejudicar minha imagem seria buscar a qualquer custo um afastamento, visando explorar, junto ao eleitor menos esclarecido, a ideia de que todos são tratados da mesma forma. No entanto, tenho respondido a isso, pois acredito na justiça do meu país e é essencial que eu continue a acreditar. Se você não deu motivo para ser cassado, para ser penalizado, você não será, embora a gente saiba que no mundo das coisas, às vezes, acontecem injustiças.