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8 de dezembro de 2024

Produção de frutos nativos se destaca na Chapada do Araripe

Além do tradicional pequi, outras espécies caem no gosto da população e geram renda para as comunidades
Pequi cearense, sem dúvidas, tem seu sabor marcado na mesa de todo o Cariri. Foto: Antônio Rodrigues

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O pequi cearense, sem dúvidas, tem seu sabor marcado na mesa de todo o Cariri. Presente em diversos pratos da culinária local e na medicina popular, seu protagonismo é incontestável. Contudo, a Chapada do Araripe esconde outros frutos nativos que, há alguns anos, começaram a cair no gosto das comunidades e estimulam a economia daquele território. Maracujá-peroba, cambuí, araçá, araticum e mangaba são alguns exemplos.

É nesta época do ano, período da quadra chuvosa — entre fevereiro e maio — que os frutos nativos aparecem aos montes, em regiões próximas ou dentro da própria Floresta Nacional do Araripe, em territórios de cidades como Nova Olinda, Barbalha, Crato, Santana do Cariri, Jardim, Porteiras, Missão Velha e Exu (PE). O cambuizeiro, por exemplo, no período mais úmido, pode atingir de quatro a sete metros de altura e aparece aos montes nas estradas, sendo consumido in natura ou dando sabor aos sucos, picolés e até bebidas alcoólicas.

“A gente junta o cambuí de balde, colhe e até leva pra feira no Crato”, admite o agricultor José Santos, o Zito, do sítio Cajueiro, em Santana do Cariri. Outro fruto nativa que começa a ter grande destaque no comércio local é o maracujá-peroba, que se assemelha ao tradicional maracujá, mas alcança um tamanho menor. No Sítio Malhada Redonda, em Porteiras, por exemplo, os extrativistas já estão começando a processá-lo para fazerem a polpa ou prensá-los à vácuo e dar maior tempo de conservação. O quilo da polpa chega a custar R$ 40.

“Já é um bom complemento para a nossa renda”, comemora a agricultora Rosa Ferreira. O comércio a partir dos frutos nativos, nos primeiros meses do ano, ocupa as margens da CE-292, que liga os municípios de Crato e Nova Olinda, e CE-060, entre Barbalha e Jardim. 

Além do pequi, principal atrativo, aparecem o maracujá-peroba, o leite de janaguba, o murici, o araçá, a jaca e o mel de abelha. 

Sem dúvida, o maracujá-peroba é o que vem conquistando mais espaço e ganhando novos clientes. Sua safra é curta. Dura entre 15 e 20 dias. Este ano, começou na primeira metade de fevereiro e está nos seus últimos dias. O saco com 20 unidades é vendido a R$4 ou R$5. “O suco dele é muito valorizado e por ser da região, nativo, as pessoas têm curiosidade de conhecer”, imagina a agricultora.

Usos variados

Desde 2006, os frutos nativos do Cariri, em especial o cambuí, também se popularizaram na região pelas mãos do agrônomo José Araújo Marôpo, falecido em dezembro de 2021, e sua esposa Tereza Praxedes. O casal criou uma linha de 25 produtos, que envolveu o uso da polpa até sua casca e sementes. Disso nasceu vinho, cachaça, geleia, doce, licor, vinagre, mousse, bolo, cocada, entre outros.

A agrônoma Patrícia Linhares explica que o solo encontrado na Chapada do Araripe favorece o crescimento dessas plantas nativas e aumenta a produtividade desses frutos. “O solo daqui retém mais água. Ela cria poros que são preenchidos pela água e acabam influenciando no desenvolvimento das espécies”, detalha. A profundidade também impacta positivamente.

 

 

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