Isolado, Bolsonaro ficou só nas comemorações dos 199 anos da independência. Foi a primeira vez na história que ocorreu esse boicote à um chefe da nação. A tensão política fez os chefes de poder se afastarem de Bolsonaro que está com uma pauta de rompimento, ruptura. Quer arrancar ministros vitalícios dos seus cargos como ocorreu no tempo da ditadura, quando em 1969 três ministros do Supremo Tribunal Federal foram cassados pelo Regime Militar.
Bolsonaro conseguiu seu objetivo ao se tornar inimigo do STF e do Congresso Nacional. O presidente do Senado Federal estava em Belo Horizonte. O presidente da Câmara Federal, Artur Lira, foi para Maceió, e o presidente do STF, Luiz Fux, estava em Brasília, acompanhando o comício com manifestantes.
As pessoas mais experientes no trato com o poder encontram dificuldades para compreender o que se passa na cabeça do presidente Jair Bolsonaro, que alimenta ódio sobre juízes que estão prendendo criminosos, acusados de destruir reputações nas redes sociais e outros que promovem rachadinhas e passam a ser operadores do dinheiro desviado do contribuinte. É muito estranho. A ideia de ser diferente parece ter dominado totalmente a mente do chefe da nação. Pode ser ainda estratégia política, tática para se manter vivo na memória Nacional.
O presidente brasileiro tem, agora, a satisfação de ter rompido os debates com os poderes da república. Quem ganha com isso? Ninguém. O país perde. A agitação negativa de Bolsonaro faz subir o dólar, derruba as bolsas, faz a inflação disparar e cria depressão que contamina toda a economia.
Não sabemos como será a quarta-feira em Brasília. A ressaca do 7 de setembro pode ser danosa ao País se não aparecer um bombeiro para apagar o incêndio criado por Bolsonaro que ameaçou os membros da mais alta corte da nação e pregou desobediência as decisões judiciais.
Os generais que cercam o presidente e os que não gostam do ocorrido estão em silêncio. Bolsonaro parecia normal. Abandonou a solenidade oficial de 7 de setembro antes do encerramento. Tirou o paletó e colocou uma camisa. Em seguida subiu no helicóptero da Força Aérea para sobrevoar uma manifestação política. Desceu no Palácio do Planalto e, de carro, se deslocou ao trio elétrico de onde falou aos manifestantes trazidos pela igreja, o agronegócio e outros que são simpatizantes da direita.
O discurso de Bolsonaro parecia caminhar para um alerta, mas veio a pressão da plateia e o presidente, de forma desconectada, soltou o verbo, exagerando ao anunciar reunião do Conselho da República. Foi o pior dia para o presidente que insiste em procurar inimigos e esquece de governar. O Brasil está afundando em problemas como o descontrole dos preços e da inflação. É preciso ação para colocar o País no caminho do entendimento.