O prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), é considerado candidato à reeleição para as eleições de 2024 na Capital. Neste último ano de seu primeiro mandato, a gestão tem focado ações em obras na periferia da cidade, através, principalmente, do Programa de Infraestrutura em Educação e Saneamento de Fortaleza (Proinfra). O cientista político José Cleyton Vasconcelos Monte, ao OPINIÃO CE, afirmou que a presença de Sarto nos bairros para o anúncio da requalificação de comunidades, vem para trabalhar o seu carisma junto à população.
“Uma das críticas ao prefeito é a questão do carisma. Ele tem um carisma praticamente zero, e isso é muito complicado. Ele não desenvolveu isso [o carisma], diferente do Roberto Cláudio, que tinha aquela figura mais simpática. O Sarto não tem isso”.
Ainda segundo Cleyton, a participação do prefeito na entrega das obras em comunidades tem como ideia “passar a imagem de um prefeito mais presente”. “A gente está vivendo a quadra chuvosa, então você tem muitos pontos da cidade com alagamento, sinais com defeito, e isso, para a imagem do gestor, é muito ruim. A ideia de que ele está lá, está presente e diz como está a situação é de mostrar um prefeito que conhece os problemas da cidade e tenta se conectar com o cidadão”, completou.
Apesar da gestão de Sarto afirmar que mais de 90% das obras do seu governo são na periferia da cidade, a oposição continua a apresentar críticas ao Executivo municipal durante este primeiro mandato do pedetista. Conforme as críticas, Sarto tem concentrado suas ações para a região nobre da cidade, em bairros como Aldeota, Meireles e Mucuripe. Conforme Cleyton, tal confronto de posicionamento é normal. “Isso é política”, disse. Ele acrescentou o que, no seu entendimento, faria a diferença para a gestão do prefeito.
“Ele já fez uma apresentação de que grande parte dessas obras estão na periferia, agora a disputa na política é uma disputa de comunicação. Você tem que finalizar as obras, quando ele diz 90%, essas obras foram finalizadas? Já foram entregues? Eu acho que essa é a questão”.
Como completou o cientista político, ele acredita que a oposição está certa de cobrar maiores ações e intervenções da Prefeitura, pois a gestão deve apresentar o que já foi finalizado. “Eu acho que esse é o ponto mais importante dessa questão”, acrescentou. No entanto, o especialista completou que a política de obras para a periferia não vai se sustentar apenas com comunicação.
“As pessoas têm que perceber isso”, disse. De acordo com ele, essa percepção vai ser possível a partir do momento em que tais obras atinjam regiões populosas como o Grande Bom Jardim, o Grande Conjunto Ceará e bairros como Mondubim e Siqueira. “Essas regiões que precisam demais do poder público, essa população, se elas perceberem esse programa como um programa que faz a diferença na sua comunidade, aí sim você tem o discurso do ‘prefeito da Periferia’ colando”.
ELEIÇÕES 2024
Cleyton Monte destacou que devido ao Sarto ser o líder do Executivo e, consequentemente, ter o controle da máquina, ele já começa o debate eleitoral com uma vantagem sobre os demais nomes que venham a ser candidatos em Fortaleza. Como lembrou o cientista, desde que o dispositivo da reeleição foi aprovado e começou a valer, em 1998, todos os prefeitos da capital cearense foram reeleitos. Desde então, permaneceram em dois mandatos os ex-prefeitos Juraci Magalhães, Luizianne Lins e Roberto Cláudio. “Mesmo com avaliação ruim e mesmo enfrentando problemas de avaliação, eles foram reeleitos. Por quê? Porque Fortaleza é uma cidade com grande arrecadação e grande poder de investimento”.
Uma das formas de utilizar a máquina para ganhar apoio, conforme Cleyton, é a partir do apoio a vereadores em suas respectivas regiões de atuação. “Isso não é criminoso, porque é uma ação corriqueira da Prefeitura, mas acaba beneficiando aquele aliado naquela região da cidade. Então se a prefeitura consegue beneficiar os seus aliados, seja do ponto de vista de educação, saúde ou limpeza urbana, isso acaba trazendo também pontos para a gestão. Ter a máquina é uma vantagem muito grande”, completou.
Segundo o especialista, o prefeito vem melhorando a sua imagem desde o ano passado. “Isso reflete nas pesquisas eleitorais. Eu lembro que nas primeiras pesquisas que saíram, ainda do primeiro para o segundo ano da gestão, as pessoas já davam ele como carta fora do baralho, até começou um movimento ‘chama Roberto’, de chamar o Roberto Cláudio de volta”. Tal cenário, atualmente, já não se observa nas pesquisas.
“Na última pesquisa que vi, ele está ‘pau a pau’ com o Capitão Wagner. Ele está competitivo, a imagem da gestão melhorou. (…) Recentemente, a Prefeitura está gastando demais com comunicação institucional, com inserção da imprensa, e isso, quando for mais próximo da eleição oficial, das propagandas, isso tem um efeito arrebatador”.
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Ainda de acordo com Cleyton Monte, Sarto é “o nome a ser batido”. “Acredito que a disputa vá para o segundo turno. Penso que ele [Sarto] é forte candidato a estar no segundo turno. E aí o segundo nome a gente não sabe se vai ser o Capitão Wagner ou se é um nome ligado ao PT”.