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19 de janeiro de 2025

Precisamos prestar contas

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ROBERTO MACIEL
roberto.maciel@opinaoce.com.br

Vem de Salvador uma notícia auspiciosa. A Defensoria Pública estadual está provocando o Governo a rever homenagem feita em 1906 ao médico Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906), que empresta nome ao Instituto Médico-Legal da Bahia. Embora reconhecido como profissional importante no meio científico, Nina Rodrigues foi formulador e propagador de teses racistas. Deve-se a ele, pode-se dizer, parte expressiva dos preconceitos étnicos e de falhas morais que ainda hoje assolam, dividem e envergonham a sociedade brasileira. Era um eugenista raivoso, como seriam os nazistas nos anos 1930-1940. Essa lição baiana de prestação de contas – mesmo tomada com um lapso de 116 anos – pode servir de algum modo para o Ceará. E muito.

Nosso caso
Há em Fortaleza uma rua (no Bairro Granja Portugal), uma escola pública de ensino médio (no Bairro São Gerardo) e uma praça (no Bairro Jacarecanga) com o nome do advogado, professor, político e jornalista Gustavo Barroso (1888-1959), intelectual que, entre outros feitos, presidiu a Academia Brasileira de Letras em 1932, 1933, 1949 e 1950. Barroso era integralista e, por isso, fascista. Defensor das ideias antissemitas, adaptou para o pensamento nacional fundamentos de Adolf Hitler.

Letra
A influência de Gustavo Barroso está tão enfronhada por aqui que até o Hino de Fortaleza – a representação musical e lírica do amor pela cidade – tem texto dele. Os versos rebuscados, entoados a cada sessão da Câmara de vereadores e em cada solenidade da Prefeitura, foram escritos por um admirador da política genocida que exterminou pelo menos 6 milhões de vidas na Segunda Guerra Mundial.

Olhar
Todas essas homenagens foram prestadas por instituições públicas. E é pertinente questionar, exatamente por essa razão, se devem permanecer. Afinal, é cabível o tributo a personagens de entranhas nocivas, que infeccionaram o organismo coletivo com tóxica discriminação? As reverências precisam ser revistas?

Em justa conta
Deve-se fazer isso não como revanchismo, mas como correção histórica. E como justiça. A Câmara de Fortaleza tem representações negras, femininas, cidadãs que podem e devem se pronunciar sobre isso. Aliás, têm a obrigação de não se omitir.

Futebolítica
Do deputado Renato Roseno (PSOL), contectando futebol e política: “No fim do ano, Brasil pega Camarões, Suíça e Sérvia na Copa. E Bolsonaro pega o beco…”

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