“Quantas pessoas estão envolvidas no crime?”; “Quem mandou matar?”; “Onde estão as autoridades”; e “O protagonismo dos indígenas nas buscas” ficaram em destaque nesta quinta
Priscila Baima
priscila.baima@opiniaoce.com.br

O Mundo virou novamente os holofotes para a Amazônia, para acompanhar uma tragédia. “Quantas pessoas estão envolvidas no crime?”; “Quem mandou matar?”; “Onde estão as autoridades”; e “O protagonismo dos indígenas nas buscas” foram os principais assuntos discutidos nos Trend Topics do Twitter nesta quinta-feira, 16.
Os questionamento não foram só levantados por autoridades. As mensagens referem-se à confirmação dos assassinatos do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, que ficaram por dez dias desaparecidos na Amazônia e tiveram suas mortes confirmadas na última quarta-feira, 15.
Mas, para começar o “segue o fio” desta reportagem, é preciso voltar um pouco antes. Em nota divulgada pelas redes sociais no último dia 12, a União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja) já havia informado que os indígenas foram “os primeiros a buscar Bruno e Dom, que morreram nos defendendo.”
“Fomos nós, indígenas, que encontramos a área. A Polícia Militar (PM) do 8º Batalhão em Tabatinga foram os únicos a nos tratarem como parceiros na busca. Pelado e Dos Santos são parte de grupo maior, o crime foi político”, disse parte da nota. O fato foi reafirmado por personalidades, como a pesquisadora e jornalista Eliane Brum.
“Bruno e Dom são vítimas do projeto de Bolsonaro para a Amazônia. Só foram encontrados porque os indígenas os procuraram desde o primeiro minuto. Todos os não-indígenas têm uma dívida profunda com os indígenas, uma dívida que precisa se converter em ação.”
QUESTIONAMENTOS
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também questionou a falta de ação do Governo Federal sobre esse e outros crimes envolvendo garimpeiros. “Se confirmado, que fique claro: Dom e Bruno foram mortos por várias mãos […] que destruiu os órgãos de fiscalização e fomenta o banditismo na Amazônia! […].”
Outra opinião bastante curtida e comentada no twitter foi da deputada federal Sâmia Bonfim (Psol-SP), que reforça que os brasileiros devem se desacostumar com o horror. A parlamentar pede que o assassinato de Bruno e Dom faça o Brasil “se levantar contra todos aqueles que que incentivam a destruição da Amazônia e a morte de ativistas.”
O deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil) também exigiu que a morte seja resolvida com informações corretas e que todos os criminosos sejam punidos.
O pré-candidato a deputado estadual em São Paulo, Alexandre Frota (PSDB-SP), questionou em seu Twitter a desvalorização do trabalho dos povos indígenas nas investigações. “Na coletiva da PF [Polícia Federal] não havia nenhum representante oficial indígena na mesa, tinha Bombeiro, PF, Marinha e Exército. Funai e representantes dos povos indígenas não foram para a mesa.”
Outro fato que repercutiu no Twitter foi a quantidade de pessoas envolvidas no crime. “Um homem sozinho não leva dois corpos 3 quilômetros mata dentro e enterra. Dois, pouco provável. Era uma gangue que organizou uma emboscada contra Dom e Bruno.”, escreveu o internauta Marcelo Rubens.
O deputado federal Bohn Gass (PT-RS) fez um questionamento parecido: “Simples pescadores não matam, esquartejam e tocam fogo em dois corpos, só por medo de serem denunciados pela prática de pesca ilegal. Tem caroço nesse angu.” Os restos mortais de Bruno Pereira e Dom Phillips foram levados nesta quinta a Brasília, para exames de identificação.