Em complexos cenários eleitorais, perguntas como a que abre esta coluna não admitem respostas simples. Ou únicas. Há quem avalie que o ex-governador do Ceará foi prejudicado pela tese da terceira via – à qual ele mesmo aderiu – na disputa pela Presidência da República. Há quem considere que o pedetista não avança nas sondagens de intenção de voto por não conseguir furar o bloqueio imposto pela polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Alguns alegam que Ciro Gomes estancou na faixa de 6% a 8% das intenções de voto porque não consegue dialogar com outros candidatos, como Simone Tebet (MDB) e João Dória (PSDB). Por fim, existe a análise de que não cresce porque optou por bater em Lula em vez de atacar Bolsonaro. Todas podem, de certo modo, servir para explicar a situação de Ciro Gomes. Nenhuma, no entanto, é confortável para ele.
Tenha nervo
Uma teoria que serve como auxiliar às demais é a de que a fala técnica e adornada de números, empregada com frequência por Ciro Gomes, não teve êxito contra o discurso de ódio que caracteriza o candidato Bolsonaro. Como ainda há cinco meses até as eleições e como muitas definições precisam ser tomadas por partidos, candidatos, Justiça e, sobretudo, pelo eleitor, só resta a todos uma saída: esperar.
Pode dispensar o marqueteiro!
Frase de Jair Bolsonaro sobre a gestão de Lula: “Falaram: ‘no tempo dele, o povo vivia um pouco melhor do que hoje’. É lógico que vivia, concordo! Temos um pós-pandemia, do ‘fique em casa, economia a gente vê depois’, uma guerra, entre outros problemas”. Continuando com declarações assim, Lula não vai precisar nem de marqueteiro nem de cabo eleitoral.
Nem aí
Ao passo em que a política do Ceará tem feito seguidos pronunciamentos, intermináveis reuniões e incansáveis estrebuchos sobre o litígio de terras com o Piauí na região da Ibiapaba, que se desenrola desde 2011, a Assembleia Legislativa do estado vizinho parece não ter dado muito bola para a questão. A querela já chegou às cortes superiores da Justiça e pode transformar em piauienses cerca de 25 mil cearenses.
Ninguém sentiu
O Move Ceará, articulação política, empresarial, acadêmica e técnica que vem discutindo estratégias para o Estado a partir da Assembleia Legislativa, fez escala em Iguatu na última terça-feira. Nenhum parlamentar bolsonarista deu o ar da graça, como se o desenvolvimento do Ceará não fosse assunto deles. André Fernandes (PL), cuja família mora na cidade, foi ausência notada, mas não lamentada. Há mais uma observação sobre ele. Leia a seguir.
Paredón
Primeiro foi Artur “Mamãe Falei” do Val (UB), cassado na Assembleia de SP e expelido do meio político-eleitoral pelos próximos oito anos. Depois, será julgado Gabriel Monteiro (PL), vereador no Rio de Janeiro. E a fila ainda tem o deputado federal Kim Kataguiri (UB-SP). Em resumo, o deputado André Fernandes deve se considerar feliz por ter escapado nesta semana no TRE, mesmo com susto, de perder o mandato. Seria outro bolsonarista no olho da rua.