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20 de janeiro de 2025

PIB do Brasil pode não ter resultado positivo este ano, dizem especialistas

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Análise tem como base dados do do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais. Resultado do PIB do Ceará será divulgado no próximo dia 20, afirma Ipece

Priscila Baima
priscila.baima@opiniaoce.com.br

Estudo foi divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira, 4 (Foto: Natinho Rodrigues)

O Brasil fechou o ano de 2021 com um crescimento de 4,6% do seu Produto Interno Bruto (PIB), totalizando R$ 8,7 trilhões. Em relação a 2020, o número é considerado um avanço devido às perdas econômicas ocasionadas pela covid-19. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgado nesta sexta-feira, 4, pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).

No entanto, em 2022, esse crescimento ainda está incerto devido a alguns fatores econômicos e de crises, sobretudo, mundiais ocasionadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia. É o que avalia o economista Ricardo Coimbra. “Para 2022, a expectativa não é boa. É um crescimento que chega aí de 0,2% ou 0,3%. Temos instabilidade fiscal, inflação num patamar muito elevado e um certo receio dos investidores nesse momento.”

Já para o Ceará, segundo o economista, o crescimento pode girar em torno de 1% a 1,5%. O OPINIÃO CE procurou o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), responsável pela divulgação dos dados locais, mas foi informado de que o resultado do Estado só sairá a partir do dia 20 de março.

Wandemberg Almeida, economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), pontua que a política econômica do País precisa passar por reformas, principalmente nesse momento desafiador de guerra e ano eleitoral. No entanto, na avaliação de Wandemberg, isso não será fácil e provavelmente o Brasil terá um crescimento econômico abaixo do esperado.

“Esse é o momento de trabalhar e de valorizar o nosso setor produtivo, tanto nas atividades econômicas quanto para a geração de emprego e renda. Era para ser um momento de estratégia, que fortalecesse nossa indústria e as micro e pequenas empresas. Mas isso talvez seja deixado de lado devido às eleições, principalmente.”

PUXOU O CRESCIMENTO
O crescimento da economia brasileira foi puxado pelas altas nos serviços (4,7%) e na indústria (4,5%), que juntos representam 90% do PIB do país. Por outro lado, a agropecuária recuou 0,2% no ano passado. De acordo com o levantamento, todas as atividades que compõem os serviços cresceram em 2021, com destaque para transporte, armazenagem e correio (11,4%).

A atividade de informação e comunicação (12,3%) também avançou puxada por Internet e desenvolvimento de sistemas. Já a agropecuária, que havia crescido em 2020, recuou 0,2% em 2021, em decorrência da estiagem prolongada e de geadas. Segundo o IBGE, apesar do crescimento anual da produção de soja (11,0%), culturas importantes da lavoura registraram queda na estimativa de produção e perda de produtividade em 2021, como a cana-de-açúcar (-10,1%), o milho (-15,0%) e o café (-21,1%).

O baixo desempenho da pecuária é explicado, principalmente, pela queda nas estimativas de produção dos bovinos e de leite. Para o professor de economia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Aécio Alves, a expectativa é de que no ano de 2022 esse processo de expansão do PIB não vá se repetir, principalmente na pecuária.

“A agropecuária vai sentir muito os efeitos do clima, com chuvas irregulares, as safras prejudicadas pela falta de chuva e, agora, com a novidade da falta de adubos químicos, fabricados tanto na Rússia quanto na Ucrânia. É um clima péssimo para todo mundo, tanto para sociedade, quanto para a economia. A economia brasileira e do mundo não vão crescer na minha avaliação”, explica.

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