Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) apresentou novas práticas no uso do capacete Elmo que podem reduzir os índices de intubação de pessoas internadas com Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) associada à covid-19.
O capacete é um equipamento transparente que envolve a cabeça do paciente, que cria uma pressão que auxilia na respiração, com oxigênio e ar comprimido. Um dos problemas associados à intubação é o aumento significativo do índice de óbitos. Entre os pacientes não intubados, houve 3% de mortes, já entre os intubados, mais de 60%.
A pneumologista Isabella Matos, autora principal do trabalho, explica a necessidade de usar rotineiramente sedação leve com o capacete em todos os pacientes. “Hipotetizamos que a utilização de sedação leve com dexmedetomidina aumentaria a tolerância do paciente ao uso mais prolongado do Elmo. Na nossa população do estudo, verificamos que a taxa de sucesso (pacientes não intubados) foi maior naqueles que fizeram uso de mais de 24 horas do Elmo na primeira sessão”, apontou.
O artigo científico é fruto de um experimento realizado ainda na pandemia, no período de setembro de 2021 a fevereiro de 2022. A amostra foi composta por 180 pacientes, sendo 116 homens e 64 mulheres, internados na enfermaria de pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes. Todos os enfermos possuíam mais de 18 anos, apresentavam diagnóstico positivo para covid-19 e necessitavam de terapia de suporte respiratório não invasiva.
Até o momento, dos 180 pacientes que integraram o estudo, 72,8% não precisaram de intubação após o uso do Elmo. Entre as 49 pessoas que precisaram ser intubadas, 30 morreram, um número muito maior em comparação às 4 que vieram a óbito, mesmo sem intubação. A taxa geral de mortalidade hospitalar entre os não intubados foi, portanto, de 3%, enquanto entre os intubados foi de 61,2%.