Outro dia me disseram que ando saudosista do futebol de antigamente. Não sabia se respondia ou ficava calado. Respondo! Não há nada a esconder. Já fomos campeões de clubes e seleções e continuamos exportando jogadores para todos os cantos do mundo.
Para confirmar que não sou o único, abro o celular, consulto as redes sociais e deparo com uma matéria postada intitulada “Futebol é arte, ousadia faz parte”. O texto exposto nos mostra uma prateleira com cinco estágios revelando a qualidade e o nome do jogador.
No primeiro deles é ele e o nome é Pelé, “O Rei do Futebol.” No segundo, o adjetivo é gênio e temos Ronaldo Fenômeno, Romário, Ronaldinho Gaúcho e Neymar Jr. No terceiro, a palavra é lenda e surge o nome de Zico e Rivaldo, Garrincha e Sócrates.
No quarto patamar, a palavra é fora de série e é ocupada por Rivelino, Jairzinho, Didi e Nilton Santos; no quinto patamar, a palavra é craque; e no último estágio da prateleira proposta pelo analista das redes sociais, estão Bebeto, Cacá, Adriano e Robinho.
Todos esses jogadores citados fizeram parte da seleção brasileira e, nos últimos cinquenta anos, a maioria foi campeã do mundo. Nesse tempo, não se valorizava tanto o sistema tático e a preparação física que hoje em dia é cantada em verso e prosa pelos técnicos na entrevista após o jogo.
A atenção se voltava para os jogadores habilidosos. Um passe no espaço vazio, um chute, uma sucessão de dribles ou mesmo um lençol, ou um drible de arrodeio, são jogadas que, executadas com a simplicidade natural dos gestos instintivos, ficam retidas na memória.
Daí a admiração eterna pelos grandes jogadores. Os alvinegros de Porangabussú recordam até hoje de Zé Eduardo e sua perna estendida formando um ângulo de mais de 90º com a perna de apoio. A bola vinha pelo alto e ele a controlava numa região entre o calcanhar e a parte externa do pé.
Deve haver alguma injustiça na relação dos jogadores postada na Internet. Sempre há! Todavia, vi todos jogarem e alguns deles joguei contra. Não exagero quando digo que nenhum dos convocados atuais teria vaga no lugar dos que foram citados acima.