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21 de janeiro de 2025

Pau da Bandeira de Barbalha reúne cerca de 300 mil pessoas

Os festejos ao padroeiro acontecem desde 1928 com o tradicional cortejo do mastro que ergue a bandeira de Santo Antônio aos pés da Igreja Matriz
Foto: Antonio Rodrigues

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O colorido tomou conta, de uma ponta a outra, das ruas de Barbalha, no Cariri cearense, para o hasteamento do Pau da Bandeira de Santo Antônio, que aconteceu neste domingo (02). O evento, reconhecido há nove anos como patrimônio imaterial brasileiro Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan), reuniu cerca de 300 mil pessoas e marcou a abertura dos festejos juninos pelo Nordeste. Até o próximo dia 13 de junho, espera-se que meio milhão de pessoas circulem na cidade.

Os festejos ao padroeiro acontecem desde 1928 com o tradicional cortejo do mastro que ergue a bandeira de Santo Antônio aos pés da Igreja Matriz. Este ano, a árvore escolhida foi um pé de copaíba, de 24 metros e pesando, aproximadamente, três toneladas. Para transportá-lo, foram necessários cerca de 250 homens. O ponto alto da celebração ocorreu às 19 horas, sob fogos e aplausos da multidão.

A movimentação na terra dos verdes canaviais se intensificou neste final de semana. No último sábado (1º), a Noite das Solteironas abriu o evento, unindo simpatias e a fé no padroeiro que, para muitos, é o santo casamenteiro. Lá, encontra-se o pó “cata-marido” e um kit com a casca da madeira do mastro, oração e uma fitinha dizendo “Santo Antônio, tens piedade de nós, as solteironas”. Da casca é feito um chá, servido gratuitamente para quem quer colocar em prática o desejo de subir ao altar. Os artistas Nando Cordel e João Cláudio Moreno animaram este primeiro dia.

Já no início da manhã de domingo, o Centro Histórico de Barbalha recebe uma cavalgada, onde cerca de 200 cavaleiros desfilam pelas ruas. Em seguida, aconteceu a missa com a bênção da bandeira, um momento emocionante para quem é natural da cidade. “Aqui a gente reforça nossa fé em Santo Antonio e um momento de reencontro com muitos parentes e amigos que retornam para cá”, define Socorro Luna, advogada que é um dos símbolos da festa.

Ainda durante a manhã, mais de 80 grupos de tradição popular, de diferentes municípios do Cariri, se reuniram para sair em cortejo, da Igreja Matriz até a Igreja do Rosário. Reisado, penitentes, capoeira, maneiro-pau, vaqueiros foram algumas das manifestações apresentadas.

Ao mesmo tempo que o calor aumenta, um grupo de crianças faz o seu próprio cortejo do pau da bandeira. Diferente de um tronco pesado, os meninos e meninas erguem um feito de metalon, papel panamá e papelão reforçado, que formam uma réplica do mastro oficial. Esse momento já acontece há mais de 21 anos. “É daqui que sairão alguns que vão manter essa tradição, os futuros carregadores de pau”, explica o gestor escolar e criador deste costume infantil, Diego Alves de Souza.

Protesto
Como vem acontecendo há alguns anos, um grupo de mulheres da região do Cariri organizou uma manifestação antes do cortejo. Além de lembrar os altos índices de violência na região, o ato, desta vez, teve como tema “Por mais mulheres na Política”. Servidores públicos federais da educação, que estão em greve, também estiveram na mobilização, cobrando negociação.

De tarde, as ruas de Barbalha foram completamente tomadas. Filas enormes de carros se formaram na entrada do Centro Histórico. Quatro palcos, instalados no Marco Zero, no Largo da Matriz, Largo do Rosário e na Praça da Estação, trouxeram shows simultaneamente. Destaque para as apresentações de Alceu Valença, Fagner, Lucy Alves, Waldonys, Luiz Fidélis e Flávio Leandro. Contudo, em cada esquina havia shows particulares, que reuniram uma diversidade de ritmos.

Tradição
Como de costume, o Pau da Bandeira entrou no Largo da Igreja do Rosário de tarde. O mastro, no entanto, percorreu um percurso de quase oito quilômetros, do Sítio São Joaquim, até o largo da Igreja Matriz, onde foi erguida. A passagem pela Rua do Vidéo, porém, que concentra o maior número de visitantes, é um dos momentos mais inesquecíveis.

Milhares de pessoas se espremem, enquanto a copaíba é levada nos ombros. Com o cansaço, os homens soltam a árvore no chão. É neste momento que as pessoas rompem o cordão de isolamento e lutam para tocar no pau, acreditando que, ao tocar no símbolo, irão para o altar em breve. Os próprios carregadores entregam lascas do pau para os brincantes. “Foi um dos momentos mais emocionantes dos últimos 20 anos. Uma das árvores maiores e mais pesadas, mas a fé de Santo Antônio fez a gente chegar lá”, comemorou Rildo Teles, que há 24 anos cumpre a tarefa de ser o capitão dos carregadores.

Salomão Veloso, 26, começou a acompanhar o cortejo de perto desde os nove anos, ao lado do carro de hidratação. Aos 14, passou a puxar a corda e, hoje, faz parte da quarta geração de carregadores de sua família. Tudo começou com seu bisavô, Melquíades da Costa Veloso, o segundo capitão da história do pau da bandeira em Barbalha. “O momento que, ao lado do meu pai, entramos na Rua do Rosário, é indescritível. Uma emoção única”, reforça.

Outras atrações
Até o dia 13 de junho, outras atrações irão animar os festejos de Santo Antonio de Barbalha. Entre elas, está o cantor pernambucano João Gomes, que se apresenta no Parque da Cidade na próxima quarta-feira (05). Outros destaques da programação são o cantor Ferrugem, atração do dia 11, e a cantora Vanessa da Mata, destaque do Dia dos Namorados, no dia 12 de junho. O encerramento contará com missa e show da banda Rosa de Saron.

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