Decisão de manter presidência estadual visa a evitar saída do partido de políticos ligados a Acilon Gonçalves e garantir mais força à oposição no Ceará
Redação OPINIÃO CE
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Agremiação do presidente Jair Bolsonaro desde novembro último, o Partido Liberal (PL) deve compor o bloco de oposição ao Governo do Estado nas eleições de outubro próximo. No Ceará, a sigla é presidida pelo prefeito de Eusébio e político influente na região do Litoral Leste, Acilon Gonçalves, que esteve com o grupo governista nas últimas eleições.
A ida do presidente da República ao partido e os cálculos políticos de olho na sucessão do governador Camilo Santana (PT) no Ceará mudou o panorama. A decisão de manter a presidência de Acilon objetiva evitar uma saída do partido de políticos ligados ao prefeito e, com isso, garantir mais força para a oposição no Estado.
“O Acilon deixou bem claro que vai com o Bolsonaro. Isso significa mais votos com o nosso partido. A eleição estadual fica mais robusta com a presença do Acilon nessa linha de frente. Ele tem, pelo menos, oito prefeituras diretas, fora as indiretas”, destaca a deputada estadual Dra. Silvana (PL). “Isso também dá um reforço muito bom para a campanha do Capitão Wagner.”
O deputado federal e principal nome da oposição no Ceará, Capitão Wagner (hoje no Pros, mas de saída para o União Brasil), tem apoio de Bolsonaro, alinhamento que pesa na decisão nacional do partido. “Não só a tendência [de apoiar o Capitão Wagner] como a determinação. Falei com o Valdemar [Costa Neto, presidente nacional do PL] e ele disse abertamente que o Wagner terá o nosso apoio porque ele tem o apoio do presidente Bolsonaro. A gente fica feliz com esse alinhamento”, diz.
BRIGA PELA PRESIDÊNCIA
O Partido Liberal no Ceará chegou a enfrentar rusgas internas pela presidência da agremiação. Um dos principais porta-vozes do presidente Bolsonaro no Ceará, o deputado André Fernandes (PL), chegou a afirmar que o partido ficaria com ele. No início deste mês, no entanto, o prefeito Acilon Gonçalves foi reconduzido ao cargo. Ao OPINIÃO CE recentemente, o prefeito afirmou que a decisão está “100% pacificada”.
Na última semana, Fernandes declarou, em uma rede social, o mesmo direcionamento. “Não existe nenhuma ‘crise entre bolsonaristas’ dentro do PL no Ceará. Isso é apenas uma falácia da imprensa! O sistema se desespera ao ver políticos antigos do Ceará fazendo palanque para Bolsonaro”, afirmou.
A deputada estadual Dra. Silvana corrobora com a opinião e descarta a saída da agremiação em direção ao União Brasil, sigla que nasce como a maior bancada federal e que tem atraído nomes fortes de direita e centro-direita no Ceará.
“O PL é um partido que tem nos honrado muito. O presidente Valdemar [Costa Neto] consegue ter uma visão administrativa do partido. É um presidente que a gente liga e ele atende o telefone, ajuda em se tratando de força política, de ser um partido que conseguiu o presidente Bolsonaro […] Não vou criar, nem eu e nem o Jaziel [deputado federal pelo PL e esposo de Silvana], uma questão política para, no ano de eleição, querer estar organizando o partido”.
A projeção do partido para as eleições de outubro próximo é, segundo a parlamentar, conseguir ao menos cinco deputados estaduais, o que deixaria o PL com a segunda maior bancada da Assembleia Legislativa do Ceará (ALCE)atualmente, por exemplo, ao lado do PP (5) e atrás do PDT (13). Além disso, Silvana entende que é possível conseguir de cinco a seis deputados federais pelo partido. Hoje, a bancada cearense do PL tem apenas o deputado Dr.Jaziel.