Com o fim da candidatura do ex-governador João Dória (SP) a presidente da República, como o PSDB vai se comportar no Ceará? A dúvida merece atenção especial devido a sinalizações da sigla, que já foi a maior do Estado e abrigou quadros como os ex-governadores Ciro Gomes, Lúcio Alcântara e Cid Gomes – e ainda abriga o senador Tasso Jereissati, também ex-governador. Os fatos se conectam como num jogo de “ligue os pontos”: 1) uma articulação entre o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, e Lúcio Alcântara estaria tentando proporcionar uma revoada tucana para a direita extrema; 2) o partido tende, por isso, a pousar no colo do deputado bolsonarista Wagner Sousa (União Brasil); 2) Wagner ambiciona o Palácio da Abolição; 3) o parlamentar, ex-PM, tem vínculos com Jair Bolsonaro. Esse desenho coloca a social-democracia, que outrora comandou o Palácio do Planaldo com o então presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), diante de um dilema local. Não bastando o que foi gerado por Dória, esse novo impasse ameaça fraturar de uma só vez o bico e as asas tucanas.
Das antigas
Aliás, o flerte do PSDB com o bolsonarismo é antigo. Não custa lembrar que foi o PSDB que diplomou politicamente a hoje pré-candidata a deputada federal Mayra Pinheiro (PL), médica que se fez conhecida como “Capitã Cloroquina”. Mayra chegou a se candidatar em 2018 a senadora pelo partido. Não é pouca coisa não.
Peso
Quem pode contrabalançar a situação é Tasso Jereissati. O senador é próximo dos pedetistas Ciro e Cid, dialoga bem com o pré-candidatos Roberto Cláudio e Izolda Cela (PDT, Governo) e Camilo Santana (PT, Senado) e é ouvido por Lula e outros petistas graduados. Agora, é cortejado para ser vice da presidenciável emedebista Simone Tebet. Sim, tem peso considerável para influir nos caminhos do PSDB.
Na privada
Além da tsunami de censura sacudida pela Reitoria da Universidade Federal do Ceará contra professores e alunos, causando o afastamento do professor, radialista e jornalista Nonato Lima da direção da Rádio Universitária, há também ares catastróficos na educação privada. O deputado Acrísio Sena (PT) está denunciando a precarização da atividade docente nas instituições particulares. “As grandes corporações educacionais promoveram reestruturações que resultaram em demissões em massa e redução de salários”, explica.
Por baixo
Acrísio diz que “não é difícil encontrar docentes com mestrado ou doutorado sendo substituídos por colegas com pouca experiência e menor titulação”. O deputado quer articular uma reunião na Assembleia com entidades representativas do magistério, gestores da faculdades, Ministério Público e professores. Faz bem. Além de terem a obrigação de oferecer ensino qualificado – o que se comprova pelos títulos dos docentes -, as instituições cobram alto pelos serviços. Muito alto.
Lado a lado
As comissões da Assembleia e da Câmara de Fortaleza que analisam os serviços e contratos da concessionária de energia Enel querem manter canais de comunicação abertos. Quem garante é o presidente da Câmara, Antônio Henrique (PDT). Reconheçamos: se não for assim, ficarão deputados e vereadores sem luz nem força.
Roberto Maciel é jornalista