Recorremos ao evangelista Marcos para abrir a Coluna hoje. Escreveu ele no capítulo 5, versículos 1 a 20, sobre um encontro de Jesus Cristo com um endemoniado e o devido e necessário exorcismo: “Então Jesus perguntou: ‘Qual é o teu nome?’ O homem respondeu: ‘Meu nome é ‘Legião’, porque somos muitos’. E pedia com insistência para que Jesus não o expulsasse da região. Havia aí perto uma grande manada de porcos, pastando na montanha. O espírito impuro suplicou, então: ‘Manda-nos para os porcos, para que entremos neles’. Jesus permitiu.
Os espíritos impuros saíram do homem e entraram nos porcos. E toda a manada — mais ou menos 2 mil porcos — atirou-se monte abaixo para dentro do mar, onde se afogou”. Num salto de mais de 2 mil anos, encontramos o deputado federal mineiro Nikolas Ferreira (PL) ameaçando quem fala em cassá-lo: “Levanto 10 mil Nikolas no Brasil inteiro”. Não duvide disso. Nikolas é uma legião. Como ele há muitos, todos dispostos a ganhar visibilidade e aplausos.
Celebrizado por ser bolsonarista, ter sido o parlamentar mais bem votado para a Câmara em 2022 no Brasil inteiro, pela juventude e pela mais absoluta falta de pudor de ser grosseiro e mentiroso, Nikolas Ferreira está a caminho de ser expulso da Casa – a caminho de ser removido do corpo político. Mas avisa: “Minha vida não acaba com uma cassação”.
SONHO
Nikolas Ferreira não teme ser cassado porque, embora possa perder direitos, dinheiro e regalias, alimenta a esperança de virar “mártir” da direita hidrófoba. Tudo o que faz é para dar valor aos mais rasteiros preconceitos – como, por exemplo, atacar mulheres nas tribunas do plenário e nas redes sociais. Ou ser criminosamente homofóbico. Há quem avalie que, assim, presta serviço ao chefe, tirando-o do foco do noticiário negativo. Se for, a tática não tem dado certo.
TIÇÃO
É até possível que o mineiro tente favorecer Jair Bolsonaro – flagrado também como contrabandista de joias – e servir de distração para a oposição e a Imprensa. Mas Nikolas não consegue desviar o foco de nada. O mais que obteve foi atiçar a fogueira política e judicial e abrir espaço nas brasas para, além de ele e do “mito”, deixar o neofascismo brasileiro virar tição.
DIANTEIRA
Tramita na Câmara Federal projeto que determina a shopping centers que reservem pelo menos 5% das mesas e cadeiras em praças de alimentação a idosos e deficientes. A ideia é justa, respeitosa e inclusiva. O Ceará, a propósito, partiu na frente com iniciativa do gênero: em 2021, a Assembleia Legislativa aprovou projeto, de Antônio Granja (PDT), com o mesmo objetivo.
PEIXE-GATO
Principal nome da cena blueseira do Ceará e um dos mais respeitados músicos do gênero no Brasil, o guitarrista e cantor Roberto Lessa está com novo single na praça. Trata-se de uma versão para o clássico Catfish Blues, composição de Robert Petway lançada em 1941 e regravada por Jimi Hendrix em 1968. Ouça: https://open.spotify.com/track/0d23sw2CJpGngwvxFxfV5l?si=ezgiaxPmTsK3EzM-ciq56w&app_destination=copy-link
MEMÓRIA FRACA
A memória do fortalezense está em pandarecos. Da mesma forma está a praça Juraci Magalhães, no bairro Couto Fernandes. Tanto que o vereador Raimundo Filho, sem resultado nenhum, vem tentando lembrar à Prefeitura que o local, além de referência de convívio comunitário, é também homenagem a um ex-gestor de inquestionável importância para a cidade. Raimundo está propondo a reforma da praça, mas necas.
ONDE ESTAMOS
Esta Coluna pode ser lida no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br) e no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br). E, ainda, no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista Roberto Maciel integra também o podcast Papo de Cabeça, nas plataformas YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu), Deezer e Spotify. O podcast é produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima e reúne notícias, entrevistas e análises políticas.
