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15 de outubro de 2024

Opinião: Mapa da fome, retrato da decadência

Confira a coluna escrita pelo deputado federal Leônidas Cristino (PDT) ao OPINIÃO CE.
Foto: Divulgação

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O Brasil voltou ao Mapa da Fome Mundial, de onde saiu em 2014 para se manter de fora até a gestão dos presidentes Temer e Bolsonaro. Este é um indicativo de Prevalência de Desnutrição, criado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para monitorar os Objetivos do Milênio. Em tão pouco tempo, nenhum país saiu do Mapa da Fome e voltou.

A Rede Brasil de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar constata que há no Brasil 33,1 milhões de brasileiros em situação grave de fome – 15,1% da população nacional. O país tem hoje 125,2 milhões de pessoas com insuficiência alimentar. Entre o final de 2020 e início de 2022 mais de 14 milhões entraram nesta condição.

A situação é agravada pela inflação, desemprego, desaceleração da atividade econômica, pandemia e o desmonte das políticas de combate à fome no Brasil. Em seis anos, a extrema pobreza voltou ao patamar de há 30 anos.

A sociedade civil mobiliza a solidariedade de mais de 3 mil entidades, lideradas pela Ação da Cidadania. O país renova os ideais do sociólogo Betinho, que criou em 1993 o projeto Ação da Cidadania Contra a Fome, com adesão do governo Itamar Franco.

Hoje, o protagonismo do governo é esperado, mas não acontece. Existem 2,78 milhões de famílias na fila do programa Auxílio Brasil, segundo o Ministério da Cidadania. Dos recursos do Bolsa Família em 2021, foram tirados R$ 375,9 milhões para cobrir despesas das Forças Armadas.

O IBGE na PNAD Contínua indica que 10 milhões de pessoas vivem com renda familiar média mensal de R$ 39. Neste segmento a renda caiu 33,7% de 2020 para 2021. O Instituto de Mobilidade e Desenvolvimento Social revela que 22,3% da população vivem na pobreza – 47,3 milhões de brasileiros. Em 2021, viviam na extrema pobreza 20 milhões, recorde nos últimos 10 anos.

O Brasil precisa de governo comprometido a resgatar as pessoas da fome e pobreza. O processo de desenvolvimento econômico e social só acontece se incorporar estes marginalizados. O agravamento da pobreza e da fome não é um fato natural. A inércia é cúmplice deste estado de coisas.

Por Leônidas Cristino, deputado federal pelo PDT-Ceará.

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