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21 de março de 2025

ONU alerta sobre risco de aquecimento global pode fazer temperatura aumentar até 3 graus Celsius

De acordo com o Relatório Anual de Lacuna de Emissões 2023, do Programa da ONU para o Meio Ambiente, as metas previstas no Acordo de Paris estão cada vez mais difíceis de serem alcançadas
A poluição industrial continua contribuindo para o aumento da temperatura na Terra. Foto: Yves Herman/ Reuters

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As altas temperaturas observadas em diversas partes do Planeta podem ficar ainda mais extremas, podendo chegar a quase 3 graus Celsius (ºC) acima da temperatura observada no período pré-industrial. De acordo com o Relatório Anual de Lacuna de Emissões 2023, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), as metas previstas no Acordo de Paris estão cada vez mais difíceis de serem alcançadas.

Para se atingir o limite de aquecimento do planeta em 1,5 grau, conforme prevê o Acordo de Paris, acordo, seria necessário reduzir em 42% as emissões de gases causadores do efeito estufa até 2030. Se a redução for de 28%, o aquecimento global chegaria a 2 graus.

O problema, segundo os dados divulgados nesta segunda-feira (20), é que em vez de baixar, as emissões globais aumentaram 1,2% de 2021 a 2022, atingindo um novo recorde de 57,4 gigatoneladas de dióxido de carbono. Cada gigatonelada equivale a 1 bilhão de toneladas.

A Organização das Nações Unidas (ONU) lembra que até o início de outubro de 2023, foram registrados 86 dias com temperaturas 1,5 grau acima dos níveis pré-industriais e que setembro foi o mês mais quente já registrado, com temperaturas médias globais 1,8°C acima dos níveis pré-industriais.

AMBIÇÃO MAIOR

Diante da situação, a ONU conclui que para reduzir a lacuna de emissões, será necessário uma mitigação implacável e transformação de baixo carbono. Será necessário aproveitar a próxima Conferência das Partes sobre Mudança Climática (COP28), que ocorre em Dubai, no final do mês, para elevar a ambição de negociação das próximas rodadas de ações climáticas.

“Os compromissos atuais no âmbito do Acordo de Paris colocam o mundo no caminho para um aumento da temperatura de 2,5ºC a 2,9ºC acima dos níveis pré-industriais neste século, apontando para a necessidade urgente de uma maior ação climática”, resume o documento da ONU.

Ainda entre as principais conclusões do relatório de 2023, está a de que os países devem ter como objetivo eliminar quase totalmente a produção e uso de carvão até 2040; e uma redução combinada na produção e uso de petróleo e gás de, no mínimo, três quartos até 2050 a partir dos níveis de 2020. “O potencial fracasso dessas medidas para se desenvolver em escala que exige uma eliminação global ainda mais rápida de todos os combustíveis fósseis”, complementa o estudo.

COMPRIMISSOS

“Os governos estão literalmente dobrando a produção de combustíveis fósseis. Isso significa problemas para as pessoas e para o Planeta. Não podemos enfrentar a catástrofe climática sem combater sua causa-raiz: a dependência de combustíveis fósseis. A COP28 deve enviar um sinal claro visando o fim da era dos combustíveis fósseis. Precisamos de compromissos confiáveis para aumentar as energias renováveis, eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e aumentar a eficiência energética, garantindo uma transição justa e equitativa”, ressaltou o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Entre os principais resultados do relatório de 2023 está também o de que uma transição equitativa da produção de combustíveis fósseis deve reconhecer as responsabilidades e capacidades diferenciadas dos países. “Governos com maior capacidade de transição devem visar reduções mais ambiciosas e ajudar a financiar os processos de transição em países com capacidades limitadas”, diz o documento da ONU.

TRANSPRÊNCIA

O relatório pede aos governos que sejam mais transparentes com relação a planos e projeções relacionados à produção de combustíveis fósseis e ao alinhamento com as metas climáticas nacionais e internacionais.

“Os principais países produtores se comprometeram a alcançar emissões líquidas zero e lançaram iniciativas para reduzir as emissões da produção de combustíveis fósseis, mas nenhum se comprometeu a reduzir a produção de carvão, petróleo e gás, de acordo com a limitação do aquecimento a 1,5ºC”, diz o relatório.

NECESSIDADES FINANCEIRAS

O Relatório Anual de Lacuna de Emissões analisa o progresso no planejamento, financiamento e implementação de ações de adaptação às mudanças climáticas. Ele conclui que as necessidades financeiras de adaptação dos países em desenvolvimento são 50% maior do que a estimativa anterior.

A ONU estima que os custos de adaptação a serem implementados nos países em desenvolvimento são de US$ 215 bilhões por ano, nesta década, e que o financiamento de adaptação necessário para implementar as prioridades de adaptação domésticas é de US$ 387 bilhões por ano. Apesar de tamanhas necessidades, esses fluxos financeiros diminuíram 15%, chegando a US$ 21 bilhões em 2021.

Com informações da Agência Brasil

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