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8 de outubro de 2024

ONG realiza primeiro censo de população da espécie jandaia-verdadeira no Ceará

Ave é considerada símbolo do Estado e está ameaçada de extinção
A jandaia-verdadeira é considerada ave-símbolo da fauna cearense e foi encontrada, em agosto, repovoando um terreno em Fortaleza. Foto: Reprodução/ Redes Sociais

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Classificada como espécie ameaçada de extinção pela Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema), a Aratinga jandaya, ou jandaia-verdadeira, ave-símbolo da fauna cearense, foi encontrada, em agosto, repovoando um terreno em Fortaleza, surpreendendo biólogos e pesquisadores. A ave, que já teve o Ceará como refúgio, passou por severo processo de defaunação e as últimas populações conhecidas eram consideradas pequenas e vulneráveis.

Com a finalidade em construir um inventário sobre a espécie, a ONG Aquasis realizou no sábado (28) o primeiro censo de população da jandaia no Ceará. A ação contou com apoio do Parque Arvorar, novo parque temático do Beach Park que promove a conservação e a educação ambiental, a ser inaugurado em breve para o público, em Aquiraz.

Cerca de 20 voluntários se mobilizaram em determinados pontos de observação na Capital. Nesses pontos, os voluntários realizaram a contagem simultânea das jandaias nos dormitórios. A contagem ocorreu em horários estratégicos, antes de o Sol nascer, das 5 às 6 horas, e no final do dia, das 16h30 às 17h50. O somatório das aves que voam desses locais pela manhã ou que chegam aos dormitórios no final da tarde revelam o número total de cada ponto de observação.

A ideia é que, por meio do censo, seja possível estimar as populações locais da ave, bem como identificar os habitats e as condições para a sobrevivência e reprodução da espécie, além de avaliar o impacto dos ninhos artificiais a serem instalados nas áreas como ferramenta aliada à conservação.

Fábio Nunes, biólogo e gerente de programa da Aquasis, explica que os ninhos artificiais são feitos de troncos de carnaúba e instalados para que seja observada a aceitação da ave. “É um recurso fundamental para abrigo e reprodução dessas aves. Caso os ninhos sejam ocupados, poderemos colocar mais, com a intenção de aumentar essa população”, completa o biólogo. O censo também poderá contribuir para a execução de políticas públicas específicas para salvar a ave da extinção.

Fábio Nunes afirma que ainda existem pouquíssimas populações de jandaias-verdadeiras conhecidas no Ceará e todas carecem de estudos populacionais. Os dados do censo serão compartilhados com os órgãos ambientais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) para auxiliar no monitoramento de tendências populacionais e fiscalizações.

“As informações servirão também para reforçar a criação de uma área protegida para as jandaias. Também deverão ajudar no manejo populacional dessa espécie, pois uma eventual limitação de ninhos em locais seguros poderá ser contornado com ninhos artificiais, por exemplo, para que a população continue aumentando, bem como a translocação de indivíduos para reintroduções no Ceará”, ressalta Fábio Nunes.

REFAUNA ARVORAR

A jandaia-verdadeira é uma das espécies escolhidas para iniciar o Projeto Refauna Arvorar. A iniciativa do Parque Arvorar, realizada em parceria com as ONGs Associação Caatinga e Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), tem por objetivo o repovoamento de aves nativas do Ceará ameaçadas de extinção, começando com a jandaia-verdadeira (Aratinga jandaya) e o periquito cara-suja (Pyrrhura griseipectus).

A jandaia-verdadeira ainda ilustra um grande portal esculpido pelo artista cearense Narcélio Grud, que recepciona os visitantes, na entrada do Parque Arvorar, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

A missão do Arvorar é manter a conservação das espécies presentes no parque, principalmente aqueles que não possuem condições de retorno ao ambiente natural. O projeto tem a capacidade de receber animais de qualquer parte do Brasil, valorizando a biodiversidade e respeitando todas as instalações adequadas e protocolos sanitários. As espécies são alocadas de acordo com o porte e ambientação de cada aviário, buscando sempre o mais próximo do ambiente natural.

No Parque Arvorar, os animais provenientes de apreensões, vítimas de tráfico e maus-tratos são tratados física e comportamentalmente nos bastidores. Aqueles avaliados pelo órgão competente como aptos à soltura são encaminhados às instituições parceiras para passarem pelo processo de reabilitação e retorno à Natureza.

O local possui uma estrutura completa para o atendimento dos animais, com equipamentos de ponta para realizar diversos procedimentos, como exames de sangue, ultrassom e raio-x, atuando como ponto de apoio no cuidado com a fauna local. O parque oferece apoio e suporte técnico para animais que são encaminhados pela Semace, órgão responsável pela destinação da fauna apreendida e resgatada do tráfico de animais.

Para desenvolver todo o trabalho de atendimento ao público e aos animais, o parque conta com uma equipe multidisciplinar de 64 colaboradores, incluindo veterinários, biólogos, zootecnistas, educadores ambientais e cuidadores de animais.

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