Há um mal, entre muitos, que se precisa destacar a respeito do fechamento da unidade da fábrica Guararapes em Fortaleza. Fundada em Pernambuco, nos anos 1950, a empresa é uma das muitas que se serviram de incentivos fiscais e outras ações públicas para crescer. Banco do Nordeste, BNDES e Sudene abriram os cofres para que a família Rocha alcançasse dinheiro do contribuinte para financiar a Guararapes em diferentes momentos. Que gestão privada recebe recursos do cidadão e não os emprega com solidez? Cadê esse dinheiro todo? A propósito, vale resgatar matéria publicada 23 de outubro de 2010 pelo jornal “Diário do Nordeste”, de Fortaleza. Diz o título: “Guararapes tem R$ 31,6 mi para fábrica no CE”. O texto reporta: “Segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, já foi concedido crédito na ordem de R$ 31,6 milhões para a construção da fábrica, que deve empregar cerca de 1.500 funcionários”.
PACOTE
Informação do jornal Tribuna do Norte (RN) em 8 de dezembro de 2009, vai mais longe: “Grupo Guararapes consegue empréstimo de R$ 342 mi – BNDES informou a aprovação de financiamento de R$ 342 milhões para o Grupo Guararapes. De acordo com o banco, o grupo pretende realizar investimentos da ordem de R$ 575 milhões, com o objetivo de promover ‘verticalização dos negócios do grupo econômico’”.
DISTRIBUIÇÃO
Os projetos relacionados a essa dinheirama se referiam à fábrica em Fortaleza (R$ 31,6 milhões); à ampliação da rede das Lojas Riachuelo em várias regiões do País (R$ 293,4 milhões); e à expansão do Midway Shopping Center (R$ 17,7 milhões), em Natal (RN).
VIA TRAVESSA
Não foi apenas dinheiro direto que a Guararapes consumiu no Ceará. A Prefeitura de Fortaleza, na administração de Luizianne Lins (PT, 2005-2012), investiu para apoiar a infraestrutura da empresa. A obra de alargamento de um trecho da Avenida Sargento Hermínio, servindo à fábrica, só foi executada porque o cidadão bancou com os impostos que paga.
CENA
Tenha certeza: os donos do grupo empresarial, sob a liderança do ex-deputado federal Flávio Rocha, bolsonarista da primeira à última hora, não ficaram mais pobres por causa do fechamento da unidade em Fortaleza. Mas também não duvide: 2 mil trabalhadores demitidos, que viram seu dinheiro de contribuintes ir pelo ralo, ficaram.