Em 2022, o pentacampeonato da seleção completa 20 anos. Muitos atores daquele título desfrutam dessa conquista até hoje. Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho, Roberto Carlos e Cafu e Vampeta se beneficiam da conquista. O carinho e a memória afetiva do brasileiro, infelizmente, talvez tenham se esquecido de uma figura fundamental. Luiz Felipe Scolari, o “pai” da “Família Felipão”, como se notabilizou aquele grupo de 2002, é tratado até com um certo desdém por parte dos brasileiros amantes do futebol.
Há, também, culpa do treinador gaúcho na precariedade dessa relação. Com seu estilo mal humorado e, por vezes, arrogante, Felipão nutriu antipatia de parte da imprensa e dos expectadores do futebol. Além disso, não há como desprezar o vexame de 2014, o maior estigma da história da nossa seleção. Mas, aproveito agora este singelo espaço para fazer o justo reconhecimento.
Falando sobre a primeira passagem dele como treinador do Brasil, Felipão chegou depois de receber uma seleção esfacelada do excêntrico Emerson Leão, com um risco considerável de a equipe brasileira ficar de fora de uma Copa do Mundo pela primeira vez. Conseguiu a vaga, apostou em Ronaldo e administrou um grupo cheio de estrelas. Barrou um já veterano Romário contra grande parte da opinião e apostou em jovens talentos, como Kleberson e Roque Júnior, que acabaram sendo muito importantes para o título.
Administrou a “guerra” de vaidades entre Ronaldo e Rivaldo, fazendo de uma guerra narcísica aliada do desempenho da equipe. Para além da Seleção Brasileira, fez história com Palmeiras e Grêmio sendo campeão da Libertadores da América. Foi o técnico da histórica campanha da seleção portuguesa em 2006, levando a equipe à semifinal da Copa da Alemanha. Treinou Chelsea-ING, rodou por várias equipes do Mundo, marcou época na China e hoje, aos 73 anos, acaba de classificar o Athlético-PR para as quartas de final da Libertadores da América.
Por toda a história, por tudo o que fez pelo futebol nacional e, nostalgicamente, pelo título de 2002, muito obrigado, Felipão! O menino de 11 anos que acompanhou aquela final numa TV Sharp de 14 polegadas será eternamente grato.