É comovente a força da fé do povo sertanejo. E é inspirador o senso de coletividade, do fazer coletivo, do construir a muitas mãos. Foi exatamente o que aconteceu no sítio Fechado, que fica no distrito de Naraniú, zona rural de Várzea Alegre, na região localizada no Centro-Sul do Ceará. A comunidade celebra o São Francisco de Assis na capela reconstruída pelos próprios devotos. 

O templo foi destruído durante um incêndio em 24 de agosto de 2019, provocado por um curto-circuito na instalação elétrica. Não restou nada, do teto às imagens sacras, tudo foi consumido pelo fogo. Depois disso, a comunidade se mobilizou e reergueu a capela, ainda maior e mais bela. Seguindo os ensinamentos do padroeiro, São Francisco, cada um contribuiu com o que foi possível e, tijolo por tijolo, o templo foi sendo refeito. Hoje, os devotos celebram mais um novenário dedicado a São Francisco, o segundo após a reconstrução da capela. Todas as noites, há programação religiosa, que atrai moradores da sede do município e de cidades vizinhas. Há um sentimento forte de poder da coletividade.

Eu tenho falado sobre isso aqui na coluna, do valor na iniciativa popular para além das gestões públicas. No Interior, existem muitos exemplos relevantes e inspiradores. Isto não anula a responsabilidade das administrações, mas mostra o poder transformador do cidadão comum que se organiza, busca e realiza. Estamos às vésperas de mais uma eleição. E é importante que cada um de nós entenda o seu papel na coletividade. A responsabilidade individual de votar de forma consciente e de, junto ao voto, desempenhar também o próprio papel enquanto ser que vive em sociedade.